Cartão de Natal
Ana Drummond*
Como há muito se percebe, cada vez menos as pessoas trocam cartões de Boas Festas. Tem o telefone, a Internet, e tem também a falta de tempo e a correria de final de ano. Motivos vários sustentam essa abolição crescente, mas o fato é que a correspondência natalina está mais rara.
E eu confesso: como tantos, deixei de envelopar as minhas mensagens, reservando-me apenas o desfrute de assim recebê-las, coisa que muito aprecio, aliás.
De minha parte, justifico com a minha condição de advogada militante. Muito ocupada que sou, todos hão de entender a falta...
Mas ora vejam como a vida ensina a gente: aqui, aproveitando o descanso no recesso que o Conselho Superior da Magistratura me deu, pude reler atentamente os cartões que recebi. Primeira lição: eu realmente gosto de fazer isso. Segunda: a maioria qualificada de dois terços dos expressos votos de Boas Festas me foram enviados por colegas advogados. Tão ou mais ocupados do que eu.
Aí me bateu o remorso – sentimento inútil que habita a alma feminina –, e me vi tomada do penitencial desejo de desculpar-me por deixar no peito as mensagens que eu gostaria de ter espalhado em forma de cartões.
É o que faço, então, inaugurando minha apologia neste site de Migalhas, que os meus amigos advogados lêem e acompanham, e os que não são (amigos ou advogados) também, ou deveriam.
Perdoem-me, meus caríssimos. Perdoem-me por não ter tido eu o tempestivo prazer de ocupá-los com a leitura dos meus sinceros votos de saúde e prosperidade. Obrigada a quem não me esqueceu, ou apenas lembrou-se de mim, que já é tanto.
Sim, acho que ainda há tempo para agradecer e retribuir a todos que nos enviaram textos carinhosos. Mas, principalmente, é tempo de desejar o mesmo aos confrades migalheiros, a todos, cúmplices que somos nessa difícil missão de servir ao Direito. Saudemos o bem-vindo ano de 2008!
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*Advogado do escritório Olavo Drummond Advogados & Consultores
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