IPO: possibilidade de crescimento econômico para as empresas do Nordeste
Sérgio Ludmer*
As empresas do Nordeste, no entanto, ainda não vislumbraram, nesta operação, as claras vantagens trazidas pela abertura do capital no campo financeiro, de expansão, de governança corporativa, da sucessão familiar, de proteção do capital dos sócios, e, principalmente, da perpetuação da empresa.
Tal afirmação é verdadeira pois, passados cinco anos da criação do Novo Mercado, já foram registradas mais de 50 ofertas e captados mais de 28 bilhões, mas apenas três IPO's foram da Região Nordeste.
Oferta pública inicial, usualmente referida como IPO (do inglês Initial public offering), nada mais é do que o evento que marca a primeira venda de ações ordinárias de uma empresa no mercado de ações. Ou seja, a abertura oficial do capital de uma empresa.
E porque abrir o Capital? Os principais benefícios proporcionados por um IPO são: Permitir aos principais acionistas a diversificação de seu patrimônio, sem que para isso precisem abrir mão do controle da empresa; criar referência de valor de mercado para as participações de cada sócio; ajudar a equacionar questões sucessórias; aumentar as oportunidades de obtenção de financiamento a custos mais competitivos; empresas com forte presença regional ganham projeção nacional e aumentam o potencial de realização de parcerias; reforça a capacidade de adquirirem concorrentes; as ações podem ser usadas como moeda; profissionalização da gestão; e ganhos mais evidentes.
Enfim, são tantas as vantagens que não se justifica a tímida participação dos grandes grupos empresariais nordestinos nas operações de abertura de capital.
Vale ressaltar que o caminho é longo e muitas providências devem ser tomadas. É preciso estar bem assessorado por um staff (bancos, consultores, advogados, etc.) capaz de possibilitar o sucesso da operação. É fundamental, também, que a empresa e seus gestores assumam como missão adotar os mais altos níveis de governança corporativa.
Seja por fatores sócio-culturais arraigados ou por desconhecimento, os grandes grupos empresariais do nordeste não podem ficar de fora dessa erupção econômica de oportunidades que surge no mercado.
Por fim, traz-se o relato de Guilherme Peirão Leal, da Natura, o IPO pioneiro nessa arrancada das operações do mercado financeiro nacional, que talvez traduza o sentimento de boa parte dos controladores das empresas do Nordeste: "(...) é uma visão de futuro, de pensar como perenizar a empresa. A gente tem um sonho, a gente saiu de um fundo de quintal. É uma empresa que cresceu baseada em valores e que tem uma função social que transcende os interesses de seus fundadores. Ela passou a ser instrumento de desenvolvimento social e econômico, e a abertura de capital está ligada a isso, a um processo fundamentalmente de perenização dessa cultura, desses valores que têm trazido desse fundo de quintal até o momento presente. Então, queremos os nossos sócios como aliados na preservação dessa cultura de compromisso com o desenvolvimento econômico, mas também com o desenvolvimento social e ambientalmente responsável."
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*Advogado do escritório Martorelli e Gouveia Advogados
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