Para falar do presente se faz necessário, na maioria das vezes, voltar ao passado. Num breve contexto histórico, a corrupção não nasceu pronta. Ela vem assolando a política nacional desde os tempos do Brasil colônia. O sistema e estratégias usadas no "período da coroa portuguesa", ilícitas diga-se de passagem, se aperfeiçoaram e hoje se camuflam no chamado "voto de confiança". Sim! Os eleitos - em sua maioria foi constatado usarem de práticas nada republicanas para atingirem "os fins" - dizem ter sido alcançados por um tal "voto de confiança". Ledo engano ou dissimulação.
A historiadora Adriana Romeiro, que é doutora em história pela Unicamp e professora da UFMG, disse em entrevista exclusiva ao Estado de Minas que “Dizia-se que era preferível ser roubado por um pirata em alto-mar do que aportar no Brasil. A elite colonial é a mesma que está hoje no poder, com a mesma mentalidade, de estar numa terra em que pode enriquecer sem qualquer escrúpulo”.
Neste pleito, constatei que até podem existir formas de coerção do Estado para combater o crime contra a democracia que é a compra e venda de votos, mas que a efetiva fiscalização esbarra em outros direitos garantidos como o não acesso às residências, onde se esconde até em "gavetas de calcinhas" o "vil metal" que embriaga, distorce e engana.
Frise que não é crime apenas comprar, mas vender seu direito livre de escolher seus representantes. O art. 299 do Código Eleitoral é claro quando traz que "Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita". Para frear tal desserviço a pena de reclusão é de até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.
Há poucos dias aconteceram as eleições municipais, onde pude constatar in loco na cidade onde voto na região Metropolitana, Paço do Lumiar-MA, a prática nefasta da compra de voto. Ora, caro leitor, vamos a um cálculo básico de matemática (deixo aqui minhas saudações ao estimado professor Landry da extinta escola Agrotécnica Federal de São Luiz do Maranhão, hoje IFMA): Se um voto, em média, foi "comprado" pelo valor de R$ 100,00, temos 100,00 divido por 4 anos, que geralmente é o que dura o mandato de um vereador, por exemplo. Se multiplicarmos o número de dias destes 4 anos, temos 1460 dias. O valor de cem reais dividido pelo número de dias dá o valor exato de 0,0684931506849315, que arredondado pra cima fica R$ 0, 07.
Ou seja: O valor do eleitor para um "candidato honesto" é de sete centavos por dia, supostamente, sem direito a reclamação, durante 4 anos...
A popular compra de votos ainda é uma problemática a ser vivida em boa parte do país.