A análise de uma empresa familiar sob uma perspectiva sistêmica revela a complexidade desse tipo de organização, que se compõe de diversos elementos interconectados.
Em muitas dessas empresas, podem coexistir até cinco gerações, criando um cenário rico em diversidade e relações de poder.
Nesse contexto, temas como liderança e sucessão tornam-se críticos e exigem transições cuidadosas que considerem questões emocionais, expectativas familiares e o preparo necessário para garantir a continuidade do negócio.
Governança como ferramenta estratégica
A governança em empresas familiares deve ser entendida como um conjunto de diretrizes e práticas que visam equilibrar os interesses da família e do negócio. A implementação de estruturas de governança pode proporcionar clareza nas responsabilidades e na tomada de decisões.
Uma governança bem estruturada é essencial para equilibrar os interesses da família e da empresa. A implementação de práticas de governança que promovam integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade pode fortalecer a confiança e a lealdade entre os membros da família e os colaboradores externos.
Os círculos interdependentes
A teoria de John Davis enfatiza a interconexão entre família, patrimônio e negócio. Essa abordagem holística permite que as famílias compreendam a importância de alinhar seus valores e objetivos empresariais, criando um ambiente propício à cooperação.
Em suma, quando se trabalha a sucessão em uma empresa familiar, deve-se realizar a separação do patrimônio daquele grupo, geralmente em uma empresa que será a holding familiar, e regrar em separado como se dará a gestão desse negócio, personalizado através da cultura e dos valores que aquela família deseja passar para as próximas gerações.
Tais regramentos podem ser delimitados através do contrato social dessa empresa, do acordo de sócios, e do protocolo familiar, para questões que envolvem toda a família, e não apenas sócios e gestores. Assim, estarão alinhados herdeiros e sucessores.
Essa abordagem não apenas aumenta a probabilidade de longevidade empresarial, mas também pode reduzir conflitos internos. A experiência demonstra que quanto mais cedo se inicia a conversa sobre sucessão, mais eficaz será a transição do comando.
Minimizando conflitos e facilitando a sucessão
Uma governança bem definida pode reduzir tensões familiares e promover um diálogo aberto sobre sucessão. Quanto mais cedo as conversas sobre o futuro da empresa forem iniciadas, maior será a probabilidade de uma transição suave e bem-sucedida.
Dados do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa indicam que apenas 12% das empresas familiares conseguem chegar à terceira geração. Portanto, é fundamental que as empresas ajudem seus membros a firmar acordos claros entre todos os envolvidos. Um planejamento sucessório bem elaborado protege o patrimônio familiar, promove economia financeira e resguarda os interesses das partes.
Proteção do patrimônio
Práticas de governança eficazes ajudam na preservação do patrimônio familiar, assegurando que os ativos sejam geridos com responsabilidade e visão de longo prazo. Isso não apenas protege os interesses financeiros da família, mas também garante a continuidade do negócio.
Conclusão
A governança nas empresas familiares é um elemento crucial para assegurar sua sustentabilidade e longevidade. Ao adotar uma abordagem estruturada que reconheça as dinâmicas entre Família, Patrimônio e Negócio, as empresas podem enfrentar os desafios inerentes à sucessão e aos conflitos internos com maior eficácia. Investir em governança é investir no futuro das empresas familiares.
Definir regras e papéis para as próximas gerações de herdeiros, sucessores e gestores é um passo crucial para assegurar a continuidade do legado familiar. A adoção de práticas de governança adequadas pode ser determinante para o sucesso duradouro das empresas familiares.