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Por que falar sobre testamento?

O testamento é uma das ferramentas mais simples e eficazes para o planejamento sucessório, além de ser um gesto de liberdade e cuidado.

23/9/2024

De acordo com o relatório cartório em números (edição de 2023), entre 2006 a 11/23, foram realizados mais de 492 mil testamentos públicos no Brasil — um dado importante.

Isso porque a elaboração de um testamento é uma das formas mais simples e eficazes de organizar um patrimônio e sua sucessão. Talvez mais do que isso, é um gesto de cuidado, que evita conflitos e protege quem mais importa: a família.

Em essência, o testamento é uma declaração de vontade. Ele pode abranger desde a destinação de um bem específico para um herdeiro determinado até a divisão completa do patrimônio de uma pessoa.

Por meio de um testamento, é possível deixar um bem específico para qualquer pessoa, especialmente para alguém que já resida nele, o administre ou que cuidaria dele de maneira especial.

Além disso, o testamento pode organizar toda a sucessão. O testador tem a liberdade de distribuir a herança de forma estratégica e planejada, destinando bens aos herdeiros de acordo com o que fizer mais sentido.

O testamento permite escolher, resolver e cuidar. O simples ato de manifestar vontades pode evitar grandes conflitos familiares. E evitar conflitos é, acima de tudo, uma forma de cuidar das pessoas que se ama. 

O testamento carrega uma ética singular e vai muito além da simples distribuição de patrimônio: ele permite expressar desejos profundamente pessoais e existenciais, como o reconhecimento de um companheiro ou de um filho, seja biológico ou não.

Também, possibilita a nomeação de responsáveis pelo cuidado de familiares que necessitam de atenção especial, como crianças, idosos ou pessoas com transtornos mentais.

Nos Estados Unidos, existe uma expressão chamada Ethical Will, que se refere ao testamento que transmite valores morais e orientações , como o caso de um pai que instrui como cuidar, da melhor maneira possível, de um filho com deficiência. Ou a situação de um filho que indica como cuidar de um pai com Alzheimer ou outra demência avançada, de modo que respeite os desejos e o bem-estar desse familiar.

Essas disposições podem ser incluídas em qualquer testamento, em conjunto com outras vontades, como doações e partilhas. Falar sobre testamento não é, como muitos pensam, falar sobre a morte — mas sim sobre a vida, de uma forma consciente e significativa, com impacto no presente e no futuro. 

Marina Baleroni
Esp. em Ciências Sociais, Negócios e Direito. Formada em Planejamento Sucessório. Pós-Graduanda em Holding Familiar. Membro da Comissão de Família e Sucessão OAB-MT. Advogada, escritora e palestrante.

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