Migalhas de Peso

A inteligência artificial como ferramenta pró-diversidade & inclusão

A IA pode promover mudanças significativas em Diversidade & Inclusão ao identificar e compensar vieses históricos e personalizar acessibilidade, garantindo igualdade de oportunidades e acesso universal.

20/8/2024

A temática da IA vem se popularizando rapidamente, fazendo cada dia mais parte das conversas. É crucial entender como ela pode ser utilizada de maneira estratégica para enfrentar desafios persistentes e promover mudanças positivas significativas, como a mitigação dos vieses inconscientes em diversos cenários que, por muitas vezes, distanciam, excluem e restringem acessos de grupos minorizados como resultado de um cenário histórico e com raízes fincadas e nutridas pelo preconceito. Dentro de tal potencial, há algumas iniciativas envolvendo a IA que podem ser agentes transformadoras quando olhamos para diversidade & inclusão:

1. Inclusão de grupos minorizados

A IA pode ser programada para identificar e compensar tendências históricas de minorização de certos grupos nas mais diversas situações, como partidos políticos, corpo docente, quadro de diretores de empresas, empreendedores etc., garantindo que todos tenham igualdade de acesso às mais diversas oportunidades.

2. Acessibilidade e personalização de produtos e serviços em geral

Com uma programação adequada, pode contribuir de uma forma positiva sem precedentes na abordagem intitulada Desenho Universal, a qual tem por base garantir que todas as pessoas, seja qual for a sua condição, tenham acesso livre e igualitário a todos os espaços, serviços e infraestruturas o que potencializará a eficácia e o desempenho das tecnologias assistivas.

3. Inclusão financeira

Nesse sentido, ao invés de depender exclusivamente de um histórico de crédito tradicional, a IA pode incorporar dados alternativos, como histórico de pagamentos de contas de serviços públicos, registros de aluguel e até mesmo padrões de comportamento online, para avaliar a capacidade de pagamento de um indivíduo, fugindo de características pessoais que não estejam diretamente relacionadas à capacidade financeira, como raça, gênero ou idade.

4. Acesso à educação

Pode-se personalizar o aprendizado para atender às necessidades individuais dos alunos, independentemente de sua localização geográfica ou condição socioeconômica, inclusive identificando eventuais deficiências que podem ser apresentadas na rotina escolar. Da mesma forma, pode atuar juntamente com os professores no planejamento de aulas para propor atividades e/ou abordagens que favoreçam o processo de aprendizado.

5. Acesso à saúde

Melhora no acesso a diagnósticos precisos e tratamentos adequados, especialmente em áreas remotas ou desatendidas. Sistemas de IA para análise de imagens médicas ou para triagem de sintomas podem ajudar a identificar doenças precocemente, permitindo diagnósticos mais baratos e intervenções mais eficazes, considerando variáveis apresentadas por grupos minorizados. Para pessoas com deficiência, o diagnóstico precoce pode ser decisivo nos tratamentos que garantirão melhor qualidade de vida para o indivíduo. Para pessoas travestis e transexuais, a identificação de procedimentos adequados considerando as variáveis de riscos à saúde poderá ser de grande valia na decisão sobre a realização ou não de procedimentos de reafirmação de gênero. Para pessoas 50+, as recomendações de atividades preventivas para um envelhecimento saudável e que garantirá mais conforto e autonomia serão essenciais nessa etapa da vida. Entre outros.

6. Recrutamento e seleção

Algoritmos podem ser grandes aliados na triagem dos currículos, ao analisá-los de maneira objetiva, focando nas habilidades e experiências dos candidatos, sem levar em consideração características como gênero, etnia ou idade.

7. Desenvolvimento de culturas organizacionais inclusivas

Ferramentas podem monitorar e analisar padrões de interação entre os colaboradores, identificando possíveis problemas de discriminação ou exclusão. Com essas informações, gestores e líderes podem identificar comportamentos indesejados, desenvolver planos de ação eficazes e implementar políticas, treinamentos e iniciativas customizadas àquela realidade a fim de promover um ambiente de trabalho mais acolhedor e equitativo.

Considerações finais

Em suma, a IA possui um potencial imenso para catalisar mudanças positivas no que tange à diversidade e inclusão. Ao reduzir ou mesmo eliminar vieses, promover acessibilidade e personalização, e ajudar a identificar e abordar disparidades sociais, a IA pode ser a ferramenta que precisávamos para a construção de um futuro mais justo e equitativo para a nossa sociedade. Mas é claro, para que tudo isso aconteça é preciso que o seu desenvolvimento seja ético, transparente, supervisionado e revisitado, pois o que a história nos ensina é que há sempre espaço para mudanças positivas e que muita coisa fique apenas no passado.

Luiza Sato Pereira Dias
Sócia na área de Tecnologia e Inovação de TozziniFreire Advogados.

Paulo Ferle
Consultor de Diversidade e Inclusão de TozziniFreire Advogados.

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