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O papel das escolas nas disputas de guarda

Durante disputas de guarda, escolas ajudam crianças oferecendo apoio emocional e relatórios sobre desempenho e comportamento. A comunicação aberta entre pais e escola é crucial para adaptar o suporte necessário.

13/8/2024

A separação dos pais e a disputa pela guarda de uma criança podem ser momentos críticos tanto na vida de todos os envolvidos, afetando não só o ambiente familiar, mas também o cotidiano escolar. Toda essa situação pode criar um turbilhão emocional para a criança.

Embora o sistema jurídico seja o principal responsável por decidir questões de guarda, as escolas desempenham um papel vital no auxílio às crianças e famílias durante esses períodos desafiadores. Elas podem ajudar a garantir que as crianças recebam o apoio necessário para enfrentar as mudanças com resiliência, proporcionando maior conforto em momentos de tanta dificuldade.

Entre os impactos que as crianças podem apresentar nesses momentos estão dificuldades de concentração, mudanças no comportamento e comprometimento do desempenho acadêmico. Professores e orientadores estão na linha de frente para identificar esses sinais e oferecer apoio.

Um dos recursos mais valiosos que as escolas podem oferecer durante disputas de guarda são relatórios detalhados sobre o desempenho e o comportamento da criança, incluindo comparações entre o "antes e depois". Isso não significa que a escola tomará partido de um dos genitores, mas sim que a criança receberá a proteção necessária.

Esses documentos fornecem informações cruciais sobre como a criança está se adaptando às mudanças e podem contribuir para decisões mais bem informadas. Relatórios bem elaborados podem destacar áreas de preocupação, necessidades especiais ou progresso, oferecendo uma visão clara do impacto da situação familiar na criança.

Manter uma comunicação aberta entre a escola e os pais é essencial. Quando os pais informam a escola sobre mudanças na situação familiar, a escola pode se ajustar para melhor atender às necessidades da criança. Essa comunicação deve ser bidirecional: a escola também deve informar os pais sobre qualquer mudança no comportamento ou desempenho da criança.

Estabelecer um diálogo contínuo ajuda a garantir que todos os envolvidos estejam cientes das necessidades da criança e possam trabalhar juntos para fornecer o suporte adequado. Esse diálogo também ajuda a evitar mal-entendidos e a garantir que a criança não se sinta lidando com a situação sozinha.

As escolas têm a capacidade de oferecer apoio também através de programas de aconselhamento e recursos educativos, ajudando a criança a processar suas emoções e a adaptar-se às mudanças, promovendo um ambiente acolhedor e estável. Oficinas e grupos de pais também são importantes, pois fornecem ferramentas e estratégias para lidar com os desafios de criar uma criança durante uma separação.

Professores e orientadores desempenham um papel essencial no acompanhamento do bem-estar emocional dos alunos. Devem estar atentos a sinais de estresse e dificuldades emocionais, oferecendo ajuda e orientando a criança conforme necessário. Além disso, a criação de um ambiente escolar positivo e previsível pode aliviar o impacto das mudanças em casa, já que um espaço seguro e confiável ajuda a reduzir o estresse e a criar uma sensação de normalidade para a criança.

O papel das escolas vai além da simples educação acadêmica; elas são um pilar fundamental na assistência às crianças que enfrentam a separação dos pais. Oferecendo documentação detalhada, mantendo comunicação aberta com as famílias e fornecendo suporte psicológico e emocional, as escolas podem mitigar os efeitos negativos da separação e promover o bem-estar das crianças.

Evidentemente, a assistência das escolas não substitui a atuação de psicólogos e profissionais jurídicos. Entretanto, a colaboração entre escolas, famílias, profissionais jurídicos e da área de psicologia é essencial para tornar o processo de guarda menos doloroso para todos os envolvidos e garantir que as decisões judiciais sobre guarda sejam bem-sucedidas e sustentadas por uma rede de apoio robusta.

Com um esforço conjunto, é possível proporcionar às crianças um ambiente mais seguro e solidário durante um dos períodos mais difíceis de suas vidas, o que poderá ser observado a longo prazo, já que é na infância que são preparados os adultos do futuro.

Giselly Caetano
Sócia do João Bosco Filho Advogados, advogada especializada em direito das famílias.

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