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Principais pontos do relatório da Anvisa sobre o resultado da Consulta Pública pertinente à manutenção da bula impressa de medicamento na caixa

Consulta revela apoio expressivo à bula impressa de medicamentos, destacando preocupações com exclusão digital e segurança dos consumidores frente às bulas digitais propostas pela Anvisa.

19/6/2024

Resultado de recente Consulta Pública da Anvisa pela manutenção das bulas impressas de medicamento na caixa revelou, em seu relatório, praticamente o mesmo que uma pesquisa do Instituto DataFolha, em que a ampla maioria dos brasileiros considera a bula impressa de medicamentos essencial, mesmo diante do avanço galopante da Anvisa em direção à substituição pelas bulas digitais. Dos 2.007 entrevistados, 84% afirmaram que a bula impressa é importante ou muito importante, e 83% acreditam que a ausência desta pode resultar em problemas de saúde para familiares e amigos.

Na Consulta Pública da Anvisa, foram 1.849 respondentes. Entre os principais pontos do relatório final, destacamos os seguintes trechos:

Instituto DataFolha: Seriedade

Causou profunda estranheza e desconforto ao Movimento Exija Bula a dúvida levantada no relatório da Anvisa, no item 4.2.1, sobre a idoneidade do tradicional instituto. E o mais espantoso é que os resultados da consulta e da pesquisa são similares. É  fundamental destacar que o Instituto DataFolha é uma entidade séria e respeitada, independente de quem a contrata. Sua metodologia robusta e a precisão dos seus levantamentos conferem credibilidade aos resultados apresentados, refletindo fielmente a opinião da população.

Mudança abrupta na postura da Anvisa

A Anvisa, em uma mudança abrupta e surpreendente de posicionamento, parece contrariar suas próprias diretrizes ao acelerar a transição para bulas digitais. Este movimento repentino desperta questionamentos sobre os motivos. Só para se ter uma ideia, houve diminuição de 90% da quantidade de bulas que acompanham os blisters de medicamentos. Um corte drástico que não segue uma prática gradual e coerente.

Além do corte espantoso – e perigoso – de 90% das bulas de embalagens múltiplas, temos as bulas de amostras grátis, as quais serão suprimidas no formato impresso. É importante ressaltar que, por mais que os médicos orientem os usuários, há a possibilidade de o paciente precisar tirar dúvidas e recorrer  à bula impressa. E aí, como o usuário ou seu familiar fazem neste caso? Mais uma perigosa decisão que vai contra os anseios da população.

Dados relevantes da pesquisa

Além da forte preferência pela manutenção das bulas impressas, a pesquisa destacou que 66% dos entrevistados relataram problemas de acesso à internet ou falta de dispositivos adequados para acessar bulas online. Dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística corroboram essa realidade, indicando que cerca de 40 milhões de brasileiros enfrentam dificuldades de acesso digital.

Reação dos consumidores

A Consulta Pública da Anvisa recebeu significativa rejeição à proposta de eliminar as bulas impressas, evidenciando a preocupação dos consumidores com a acessibilidade e a segurança da informação sobre medicamentos. A ampla discordância (81%) contra a perda do direito à bula impressa demonstra a importância desse recurso para a população.

Conclusão

O Instituto DataFolha reafirma sua posição como uma fonte confiável de informações, independentemente do patrocinador da pesquisa. A Anvisa, por sua vez, precisa considerar a voz dos consumidores – conforme revela sua própria Consulta Pública - e garantir que qualquer mudança seja realizada de maneira gradual e segura, preservando o direito à informação de todos os cidadãos. Além disso, em nenhum país do mundo – nem nos desenvolvidos – a bula impressa de medicamentos foi abolida. Por que seria então no Brasil? O Movimento Exija Bula considera bem-vinda a bula digital, como importante complemento, e nunca em substituição à bula impressa de medicamentos na caixa, um direito do cidadão garantido pelo CDC.

Alberto Maurício Danon
Jornalista e diretor da ADCom Comunicação Empresarial.

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