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Burn on: Nova síndrome de exaustão crônica

A síndrome de burnout, conceituada recentemente, é vista como uma forma de depressão oculta associada ao esgotamento profissional.

14/6/2024

A síndrome de Burnout ganhou espaço nos últimos anos e foi reconhecida como doença ocupacional pela OMS - Organização Mundial da Saúde em 2022.

Recentemente, um termo parecido começou a ganhar força e ser alvo de discussão entre médicos e pesquisadores no universo da saúde mental ocupacional: a Síndrome de Burn On.

O termo foi conceituado pelo psiquiatra Timo Schiele e pelo psicoterapeuta Bert te Wildt, que a descreveram de forma detalhada em seu livro, publicado até o momento apenas em Alemão - Burn On: Immer kurz vorm Burn Out: Das unerkannte Leiden und was dagegen hilft (“Burn On: Sempre à beira do Burn Out: O sofrimento não reconhecido e o que ajuda contra ele“.

De acordo com os alemães, é uma doença crônica que pode ser classificada como uma “depressão mascarada”. Em âmbito emocional, a depressão é o sintoma mais relevante sobre uma pessoa com Burn On.

Segundo os autores do livro, quem tem a condição também manifesta sentimentos de vergonha e culpa, embora estejam sempre disponíveis para ajudar outras pessoas, parece nunca ser o suficiente internamente.

Outro sintoma bem comum é que as pessoas afetadas também ficam cognitivamente confinadas ao seu trabalho e deixam a vida privada de lado, o que torna o ciclo consideravelmente pior, levando em consideração que os acometidos pela síndrome têm cada vez menos momentos de lazer para relaxar.

Como o corpo está em constante estado de estresse, sentimentos como vazio interior, falta de alegria, desespero e uma sensação de falta de sentido na vida ou no que fazem, são extremamente corriqueiros, segundo os especialistas.

Conforme esclarecido pelo Wildt: “Apesar das suas imensas conquistas, eles sofrem com a sensação de nunca fazerem o suficiente”. O Sentimento de orgulho e satisfação com atitudes corriqueiras do dia a dia no trabalho, é algo que uma pessoa que sofre de Burn On não consegue alcançar com facilidade.

O perfil de trabalhadores mais afetado pelo Burn On são pessoas em profissões que exigem uma longa jornada de trabalho, não tem um horário fixo de trabalho e “cuidam” de outras pessoas, como por exemplo enfermagem e medicina, onde muitas vezes os profissionais são diretamente responsáveis por outras pessoas.

Segundo Wildt, pode levar anos até que o trabalhador perceba que algo está errado, pois muitas pessoas afetadas não veem ligação entre os sintomas e o amor pelo trabalho. A síndrome normalmente surge quando o indivíduo continua a trabalhar de forma intensa e comprometida, mesmo estando esgotado, conforme alertam os pesquisadores.

Diferentemente do Burnout onde os sintomas são mais fáceis de identificar, no caso do burn on os sintomas são menos óbvios. A diferença principal entre eles é que no burnout a característica principal é a incapacidade para continuar trabalhando ou necessidade de afastamento imediato, quando no burn on é possível que o trabalhador consiga exercer suas funções, mesmo que com um grau de esgotamento visível e considerável, onde não necessariamente o esgotamento implicará em um colapso total, pois é uma forma moderada de esgotamento, em comparação aos casos de burnout.

Como os sintomas são sutis, podem facilmente ser confundidos com dedicação excessiva ao trabalho, podendo até se tornar uma obsessão. O trabalhador acaba aguentando mais coisas que o normal, e adoece sem ninguém perceber. Criando assim, uma fantasia de um super ser humano.

Os sintomas mais perceptíveis são: a) Sensação de cansaço constante, mesmo após o descanso; b) Redução na qualidade do trabalho e na produtividade; c) Desinteresse em assuntos e atividades que tenham a ver com o ofício e que antes eram interessantes; d) Maior irritabilidade; e) Problemas de concentração e memória.

Ignorar a exaustão abre possibilidades para que o burn on se torne burnout.

É importante que as empresas se conscientizem que é primordial ter um ambiente de trabalho mais saudável e passem a atuar na prevenção de doenças mentais graves que podem comprometer não apenas a carreira, mas a vida pessoal dos profissionais.

A melhor forma das empresas evitarem situações de burn on é implementando políticas que promovam o bem-estar de seus funcionários, como por exemplo, terapia cognitivo comportamental à disposição de seus colaboradores, para ajudar a gerenciar o estresse diário causado pela rotina desgastante.

O suporte tanto no ambiente de trabalho quanto no âmbito pessoal gera uma rede eficaz na prevenção e tratamento dessa síndrome ainda pouco explorada.

Barbara Macedo
Advogada especialista em direito material e processual trabalhista, com destaque em atuação consultiva empresarial. Expertise em procedimentos administrativos no Ministério Público do Trabalho e demais órgãos reguladores. Experiência em escritórios de advocacia de pequeno, médio e grande porte. Formação em Direito, com especialização em Direito e Processo do Trabalho pela UCAM-RJ e Compliance, LGPD e prática trabalhista pela IEPREV.

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