No mundo das finanças, as oportunidades estão por toda parte, até mesmo nas temidas dívidas. Isto é, desde que essas dívidas sejam de terceiros, passíveis de serem negociadas e de se tornarem ativos interessantes aos investidores mais arrojados. São os chamados ativos estressados, também conhecidos como créditos NPL (non-performing loan), que têm se popularizado no Brasil.
Esse tipo de crédito tem origem em algum tipo de problema financeiro enfrentado principalmente por empresas, como o inadimplemento de um empréstimo ou de um financiamento. Por isso, de início, pode haver uma impressão errada, de que esses créditos não se constituiriam como investimento bom. Todavia, além de proporcionar uma margem interessante para negociação, ainda auxiliam o mercado financeiro a manter a oferta de crédito, visto que contribuem com a recuperação de valores, que minimizam perdas e ainda trazem de volta ao jogo empresas e consumidores antes negativados.
Obviamente, as grandes operações são as que chamam atenção, sobretudo quando se fala na movimentação na casa dos bilhões de reais, como é o caso do mercado brasileiro, que tem a expectativa de um volume de transações de créditos NPL na faixa de R$42,5 bilhões em 2024, segundo dados da pesquisa “Mercado de cessão de créditos 2023”, divulgada pela Delloite.
Entretanto, não são apenas as grandes instituições financeiras e grupos empresariais que podem se beneficiar desse tipo de negócio. A popularização abre as portas para empresas menores, tendo em vista o maior número de interessados nessa espécie de investimento, beneficiando empresários que buscam renegociar dívidas ou mesmo aqueles que desejam ceder os créditos estressados que possuem, afinal, muitas empresas também possuem números expressivos de devedores.
Assim, valores que antes poderiam já terem sido considerados perdidos, diante de eventuais inadimplementos, nas mãos certas, ganham nova perspectiva e voltam a gerar receita. Pode-se dizer que, em certo aspecto, o mercado financeiro passa a copiar a natureza, na qual nada se perde, tudo se transforma. É uma forma de ver os créditos estressados.
Com tudo isso, percebe-se que, se existe alguma possibilidade de recuperação de um crédito, ele possui um valor, trata-se de um crédito estressado e ainda pode ser negociado no mercado. Cabe ao cedente e ao cessionário a análise do que realmente é prejuízo e do que pode representar um investimento, conceitos que se mostram bastante relativos diante dessa modalidade de negócio.