Migalhas de Peso

Combate ao crime organizado transnacional e cibercriminalidade

Crime organizado usa violência como ferramenta terrorista; globalização amplifica desafios no combate à criminalidade internacional.

27/3/2024

A violência perversa é uma variável que o crime organizado vem executando como ferramenta terrorista para atingir seus objetivos ilegais.

A globalização, ao promover uma maior integração e interdependência entre os países, revela em sua essência tanto promessas de avanços quanto desafios complexos, particularmente no que tange ao enfrentamento da criminalidade. Nesse cenário, a facilidade de movimentação e operação das facções criminosas internacionais torna-se uma das facetas mais preocupantes, exigindo uma reflexão aprofundada sobre as estratégias de combate a essas organizações.

O cenário é um palco global, onde as barreiras se tornaram meras cortinas a serem corridas, permitindo não apenas a circulação legítima de sonhos e aspirações, mas também um mercado clandestino de desejos proibidos e mercadorias nefastas. Neste teatro sem fronteiras, o tráfico assume várias formas, com personagens que trocam de máscaras com a mesma facilidade com que cruzam territórios. Sob o véu da noite, drogas, armas e almas são contrabandeadas, tecendo uma trama que desafia os limites da lei e da moral.

Para além desta teatralidade sombria, a globalização também potencializa o alcance e a complexidade das operações criminosas através da tecnologia. A digitalização da sociedade, embora traga incontáveis benefícios, abre igualmente novos canais para a perpetração de delitos cibernéticos, os quais demandam uma atualização constante das ferramentas jurídicas e dos métodos investigativos. A natureza evanescente e transnacional do cibercrime coloca em xeque os paradigmas tradicionais da justiça penal, requerendo uma abordagem mais holística e cooperativa entre as nações.

Ademais, o intricado sistema financeiro global facilita a lavagem de dinheiro e outras práticas de crime financeiro, com os criminosos explorando as lacunas regulatórias e a opacidade de certas jurisdições. A complexidade dessas transações exige uma sofisticação correspondente por parte das autoridades reguladoras, que devem empregar não apenas meios convencionais de vigilância, mas também inovar na utilização de tecnologias de rastreamento financeiro e análise de dados.

Enfrentar a dimensão global do crime organizado, portanto, transcende a mera cooperação jurídica e policial entre países. Requer uma compreensão profunda dos mecanismos através dos quais a globalização facilita a ação dessas redes criminosas, bem como a implementação de políticas públicas que sejam tanto reativas quanto proativas, abrangendo não apenas a perseguição e punição dos delitos já cometidos, mas também a prevenção e o combate às condições que favorecem sua proliferação. Esta batalha contínua contra o crime, no contexto globalizado, reflete a incessante busca pela justiça em uma sociedade cada vez mais interconectada e complexa.

Cabe ao Estado e à sociedade encontrar formas de inibir e reprimir as gangues sofisticadas com os recursos tecnológicos policiais, jurídicos, políticos nesta guerra permanente atemporal, inespacil.

Flavio Henrique Elwing Goldberg
Advogado e mestre em Direito.

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