A partir da globalização e de um mercado cada vez mais exigente quanto às práticas e políticas ESG (ambientais, sociais e de governança), é imprescindível que as negociações entre empresas que integram o cenário corporativo sejam cada dia mais transparentes e coerentes com os valores sociais modernos.
As empresas estão indiscutivelmente transpondo a mera conformidade com as leis e regulamentos intrínsecos e extrínsecos à organização – agora, não basta simplesmente atender as normas, mas também aderir a valores e princípios como ética, moral e transparência. Isso vale não apenas para conduzir os negócios, mas na dinâmica subjetiva individual dos que compõem uma organização, um importante vértice de governança corporativa e um vetor de condução coletiva para a melhoria social.
Estar em compliance, portanto, passou a significar o conhecimento das normas ordenadas e coerentes com a fundamental ética e idoneidade das decisões da corporação, integrando de forma sistêmica e visceral o ideal das práticas ESG.
Nessa visão, trata-se de um investimento claro em pessoas, processos e conscientização dentro da organização, o que implica num compromisso individual de cada membro da empresa e se relaciona com as metas definidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, previstos pela ONU em 2015 e que compõem a agenda global para orientar o futuro da humanidade até 2030.
Entre seus principais objetivos está o engajamento da alta liderança como exemplo de padrões de honestidade e integridade para os demais membros da sociedade, pois o trabalho com transparência, na qual todos os envolvidos agem com ética e idoneidade nas suas funções, fomenta a disseminação da cultura de cristalinidade, atendendo ao fim social da empresa.
Aliado a isso e à observância das ODS, promove-se o fortalecimento da cultura da sustentabilidade ambiental e social no universo corporativo, tornando os negócios mais eficientes, responsáveis, lucrativos e competitivos. Isso ocorre porque a adoção de uma metodologia para cumprimento dos ODS vem acompanhado do compromisso empresarial de mitigação dos riscos impostos ao ambiente interno e externo, fortalecendo as relações do negócio com o mercado.
Em outras palavras, os valores éticos assumidos, ao mesmo tempo que materializam a equidade e o respeito à diversidade e inclusão de pessoas, transmitem aos consumidores o ideal de que o suprimento de produtos ou serviços atenderá aos padrões de qualidade e razoabilidade esperados.
Os benefícios da adoção das práticas de compliance e ESG são incontáveis. Dentre eles, destaque para a reputação sustentável baseada na ideia de que a empresa está focada em valores e comprometida com a minimização de impactos no meio ambiente e maximização de impactos positivos na vida em sociedade.
As oportunidades de negócios, por meio do redirecionamento dos investimentos públicos e privados, é outra vertente que alia o interesse empresarial com a melhora da vida em sociedade, abrindo novos mercados para aqueles que estão comprometidos com compliance e ODS, maximizando a lucratividade e ampliando as possibilidades de entrega de soluções inovadoras para mercados em ascensão.
A sustentabilidade corporativa, igualmente, auxilia as empresas em tomadas de decisões mais conscientes e, por vezes, mais econômicas, reforçando o compromisso com os interessados, em especial empregados, fornecedores e agentes públicos, pois estão menos expostos aos riscos decorrentes da ilegalidade – principalmente aqueles de origem reputacional.
É importante ter em mente, porém, que compliance, ESG e ODS não são sinônimos de um único objetivo, mas práticas, caminhos e alternativas conectadas que fomentam a função social da empresa na sua mais ampla concepção.
Logo, ao explorar os conceitos de cada vértice debatido, entende-se que eles vão além das barreiras legais e regulamentares, pois incorporam princípios de integridade e conduta ética que extrapolam o microcosmo empresarial e atingem a coletividade, justificando, pois, sua essencialidade.
Fundamentadas na transparência, as práticas discutidas, se correta e seriamente aplicadas, geram impactos positivos na imagem da empresa perante a sociedade, reduzindo sensivelmente exposições reputacionais e o ostracismo, na medida em que garantem a consolidação das condutas da organização com base em valores reais e tangíveis.