A população brasileira está passando por um processo acelerado de envelhecimento, conforme evidenciado pelos números do Censo 2022. Esse fenômeno, embora seja um reflexo dos avanços da Medicina e das melhores condições de vida, traz consigo desafios significativos para o sistema de saúde e a sociedade como um todo. Entre as adversidades enfrentadas pela população idosa, a necessidade de compreender e gerenciar os medicamentos é uma questão crucial.
O aumento da expectativa de vida também resulta no incremento da incidência de problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, cânceres e demências. Nesse contexto, a correta administração dos medicamentos torna-se fundamental para garantir a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos.
Um elemento essencial para o uso adequado de medicamentos é a bula impressa que acompanha a embalagem de cada remédio. A bula contém informações detalhadas sobre dosagem, efeitos colaterais, interações medicamentosas e orientações de uso. Para a população idosa, que frequentemente enfrenta desafios de saúde complexos, a bula é uma ferramenta indispensável.
O acesso a informações claras e precisas sobre medicamentos é crucial para evitar erros na administração e garantir que os tratamentos sejam eficazes. Muitos idosos têm dificuldade de acesso à internet e podem não estar familiarizados com recursos on line para obter informações sobre medicamentos. Portanto, a bula impressa é uma fonte confiável de orientação.
Além disso, a população idosa é mais suscetível a polifarmácia, ou seja, ao uso simultâneo de múltiplos medicamentos. Isso torna ainda mais importante que os idosos compreendam como e quando tomar seus medicamentos e estejam cientes de possíveis interações.
É responsabilidade dos profissionais de saúde e dos cuidadores fornecer orientações sobre o uso correto dos medicamentos aos idosos, incluindo a explicação detalhada das bulas. Garantir que os idosos tenham acesso e compreendam as informações contidas nesses documentos impressos pode contribuir significativamente para a segurança e eficácia dos tratamentos.
O radialista Carlos de Albuquerque, o “Buca”, que está no Retiro dos Artistas há três anos por conta de um problema na próstata, toma remédio de uso contínuo. Para ele, a bula impressa é essencial. “Só com ela posso entender os efeitos do medicamento no meu organismo. Quem não sabe ler, ou tem dificuldade, deve pedir ajuda. No caso do acesso apenas pela internet, seria muito difícil para mim; sou do tempo da ‘manivela’. Muitos dos meus amigos e colegas também são. Quem me ajuda com essas tecnologias são os meus netos”, comenta.
O iluminador Kari Lage, também residente no Retiro dos Artistas, fala sobre a importância da bula impressa de medicamentos. “Sofro de algumas condições de saúde e tomo por volta de nove medicamentos. Sempre leio a bula impressa para saber onde estão os perigos caso o remédio não seja administrado corretamente. Inclusive, faço uma análise entre as recomendações do médico e da bula, quero saber onde as informações são compatíveis. Sou muito desconfiado. Quero saber a dosagem, o intervalo entre elas, quantos dias devo tomar, como combinar um medicamento com outro – mesmo com a orientação do médico. Essas informações estão na bula impressa e me deixam mais seguro”, afirma.
É necessário que sejam implementadas políticas públicas e iniciativas de conscientização que destaquem a importância da bula e facilitem o acesso a informações precisas sobre medicamentos para os idosos. Dessa forma, contribuiremos para uma melhor qualidade de vida e uma sociedade mais saudável, mesmo diante dos desafios do envelhecimento populacional. A bula é fundamental e inclusiva para essa população; ela garante a entrega da informação na íntegra.