Migalhas de Peso

Desenvolvimento intelectual para enfrentar a IA

Para o futuro advogado na realidade da IA e todos os nomes e palavras podem ser pesquisados em sistema de IA, para melhor esclarecimento.

16/8/2023

Há muitas discussões sobre as consequências da inteligência artificial sobre a profissão do advogado.

Acredito na hipótese de que será instrumento importante na atividade dos tribunais, logo, os advogados hão de desenvolver habilidades especiais, com o fim de litigar melhor.

Em particular, na advocacia contenciosa (cível e criminal), suponho que a IA irá incrementar nossa capacidade de conhecer os fatos, perquirir a causalidade e explicar os resultados ocorridos no mundo fenomênico.

Também, o acesso à dogmática jurídica e aos julgados será maior, mais veloz e bons filtros devem nos permitir qualidade de pesquisa na IA jamais antes observada. Vamos estudar a cultura jurídica e as legislações estrangeiras in totum, com a possibilidade de ter argumentos de direito comparado muito refinados e completos.

Se verdadeiras tais projeções, teremos de nos preparar, como profissionais do Direito, de modo diverso. A quantidade de informações ao nosso dispor pode vir a exigir do advogado conhecimentos de lógica que lhe permitam estruturar com perfeição as petições, tanto na construção, como na ordem dos argumentos.

Diante da pressuposição de que a IA fará os rascunhos das peças judiciais, aqueles virtuosos no emprego da gramática e com aptidão a variar os estilos de escrita devem criar textos que superem o ordinário das repetições da IA.

E, os entusiastas da retórica irão se destacar por meio do uso de técnicas eruditas na arte do convencimento.

Assim, proponho o desenvolvimento intelectual de cada um em lógica, gramática e retórica - o Trivium medieval* - para enfrentar o mundo novo da IA.

Longe de perplexidades, podemos encontrar nesses estudos qualificações especiais que nos levem a pensar e a agir, como advogados, de maneira bem superior às máquinas.

A genialidade na advocacia, talvez, possa ser atingida mediante a leitura de clássicos. O retorno à cultura humanística, graças ao contato, e.g., na retórica, com Pascal, Montaigne e Schopenhauer, convida ao nascimento e à metamorfose de meros defensores em combatentes convictos quanto ao sentido e fim da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF).

Esta a minha aposta, a contar de um raciocínio típico de Pascal, para o futuro advogado na realidade da IA e todos os nomes e palavras podem ser pesquisados em sistema de IA, para melhor esclarecimento.

Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo
Advogado, mestre e doutor em Direito Penal pela USP, pós-doutor em Democracia e Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra. Advoga no escritório Moraes Pitombo Advogados.

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