Em 11 de agosto, dentre outras comemorações, celebra-se o Dia do Advogado. No entanto, acordei pensando nos motociclistas, afinal, sexta-feira, dia em que oficialmente costumo ir de moto ao trabalho. E, assim, passei a manhã: pensando nos paralelos entre a atividade advocatícia e pilotar uma moto. E não é que são muitas as semelhanças! São sobre elas esse texto.
Há mais de 30 anos, quando fui ensinado a pilotar a minha primeira moto, a valente CG vermelha 125 da Honda, meu pai começou o breve ensinamento dizendo que seria o mesmo que andar de bicicleta. De igual modo, quando estava saindo da faculdade, os mestres me diziam que a profissão de advogado me torna um eterno estudante, pois advogar seria, na essência, continuar a ser estudante. Nesse sentido, o motociclismo e a advocacia são habilidades que começamos a aprender antes mesmo de exercê-las.
Igual paralelo enxergo na sensação de liberdade que ambas as atividades proporcionam. Como diria a Honda no seu conhecido marketing, as motos são “asas da liberdade”. Já a advocacia é a profissão liberal por excelência, a profissão da liberdade, e esse vagar livre que ambas as atividades têm em comum nos aproxima também ao extremo contato com a vida, permitindo enxergar a paisagem transeunte e os seres nela colocados, na advocacia os problemas das vidas e a vida dos seus atores. Andar de moto e advogar definitivamente são formas de viver intensamente.
Quanto à coragem? É lei, para ambas. Motociclista medroso não sobe na motoca e, como já definiu Sobral Pinto, “a advocacia não é profissão para covardes”. Assim, como quem vai na moto não pode temer os veículos maiores e mais fortes, como ônibus, caminhões e carros, por outro lado, deve cuidar dos pedestres e ciclistas, mais fracos nesse contexto. Nós, advogados, não devemos nos acovardar na luta desigual contra o Estado e seus representantes, com suas infinitas vantagens, mas também devemos, no exercício da profissão, sempre ter zelo e cuidado com os cidadãos e a cidadania. A coragem de advogados e motociclistas não permite a hipocrisia de se falar grosso com os fracos e afinar diante dos fortes, há de se lutar sempre e “sem perder a ternura jamais.”
Quem anda de moto sabe que não há dúvida se vai cair, a dúvida é somente quando vai acontecer. O importante mesmo é cair pouco, saber cair e depois das primeiras veze não voltar a cair, estar protegido, levantar e seguir. Na advocacia, vale a mesma lógica, não existe essa de profissional que não erra. O bom advogado erra pouco, jamais repete o mesmo erro e nunca deixa o erro impedir que ele siga, seja no particular do processo, seja na profissão, pois para as motos e para as bancas de advocacia, vale o brocardo dito por Ulisses Guimarães, inspirado em Fernando Pessoa , “navegar é preciso, morrer não é preciso”.
Então, brindo esse 11 de agosto passeando na minha motoca, com vento no rosto, na sensação de liberdade, coragem, prudência e vontade de viver intensamente, de mirar na construção da cidadania e da democracia, sem olvidar a paz no trânsito.
Parabéns aos estudantes, advogados, verdadeiros motociclistas da democracia, por esse dia em que se comemora a liberdade e a coragem!