Há alguns anos, um famoso apresentador de TV, com imensa credibilidade à época, ávido por liderança na audiência, forjou uma entrevista com falsos integrantes de uma facção criminosa onde os indivíduos ameaçavam personalidades de todos os meios, incluindo jornalistas, políticos, empresários, entre outros. É claro que, naquele momento, o caso gerou um grande barulho, com enorme visibilidade e pavor.
Todavia, esta busca frenética por audiência corrompeu as regras do bom jornalismo ao inventar uma entrevista totalmente absurda, falsa, mentirosa. Era tudo lorota! Ele subestimou a capacidade investigativa dos colegas jornalistas e foi desmascarado na hora. E, aí, mergulhou numa profunda crise de imagem a qual teve graves consequências para ele e seu programa.
A regra, sempre, é falar a verdade. Mesmo quando se erra, de forma proposital, dá para se fazer uma mea culpa, reconhecer humildemente o fato e pedir desculpas.
Frente a isso, o apresentador teve chance de ouro – e única – de se recuperar, mas a jogou no lixo. Foi aí que sua caída foi derradeira. O espaço dado a ele - o “sofá da Hebe” -, no programa de Hebe Camargo, com enorme audiência, seria a salvação, mas ele não soube aproveitar.
No dia seguinte, em cadeia nacional, neste prestigiado programa, o sofá da apresentadora era todo seu para dizer, exatamente, o que aconteceu. Ele vivia uma séria CRISE DE IMAGEM e, numa hora destas, SOMENTE A VERDADE deve ser dita, mesmo se for preciso “cortar na própria carne”. Mas, em vez de assumir para si a molecagem e a falta de responsabilidade por aquele grave ato (a vida de pessoas estava envolvida, entre outros agravantes), disse que estava gripado, que chegara mais tarde à emissora e que a culpa toda era de sua produção. Balela e o Brasil não engoliu. Aliás, mesmo que fosse, ele era líder daquela equipe e deveria assumir a responsabilidade. Em vez de chamar a si a verdadeira culpa, conseguiu piorar, e muito, a sua imagem e reputação.
Nunca mais se recuperou. Perdeu credibilidade, audiência, anunciantes, verbas publicitárias, parceiros de negócios, sendo, a emissora e ele, multados. Nunca mais ganhou do principal concorrente, naquela época, em audiência. Mudou de horário para não precisar mais passar pela humilhação da derrota a quem sempre disputava, ponto a ponto, o índice de audiência. Mas não adiantou. Mais do que isso, a emissora perdera a confiança nele.
Passados 14 anos desta história, o apresentador hoje está em outro canal de TV e parece ter recuperado boa parte do capital perdido. Contudo, demorou muito para que isto ocorresse e, certamente, não voltou plenamente como fora no passado. A história é implacável com a mentira, com a enganação, sendo que, em qualquer crise, a verdade tem de ser admitida, doa a quem doer. Somente a verdade, aliada à humildade e ao reconhecimento do erro, é que faz com que a reputação possa ser restabelecida mais rapidamente. Do contrário, como se vê neste caso concreto, a perda da reputação e a desvalorização da imagem, além de acarretar um prejuízo moral, afetou substancialmente o faturamento e lucro financeiro das empresas do apresentador, do programa e da emissora.
Daí concluímos que agir com honestidade, falarmos sempre a verdade e comunicarmos corretamente aos nossos públicos não é somente estratégico, mas vital para qualquer pessoa e organização. Agir de forma ética e comunicar nossas ações sempre de forma coerente, certa e verdadeira é, sem dúvida, o capital mais precioso do ser humano e de qualquer organização.