Brasil e Portugal se conectam novamente, mas desta vez é em benefício da saúde. Representantes de ambos governos acabaram de assinar, em Lisboa, uma carta de intenções para estabelecer uma série de facilidades que possibilitaram ambas nações a enriquecer laços que tragam o bem-estar das populações de seus países e no fortalecimento de suas economias nacionais.
O documento apresenta sete premissas fundamentais. Entre os pontos está o acesso universal e equitativo à saúde, a integralidade do cuidado e a valorização da atenção primária à saúde, além do enriquecimento das políticas de vacinação, promover acesso a alimentação de qualidade a camadas carentes e ainda o fortalecimento dos sistemas de vigilância e de intercâmbio de informações.
Acordos como esses são instrumentos para promoção de práticas que tornam a saúde pública mais acessível. Brasil e Portugal são países que tem dimensões muito diferentes no que tange a saúde. Para brasileiros se entende que a saúde é uma questão de necessidade pública e obrigatória, os portugueses vivem sob uma régua sem gratuidade.
A observar documentos desta espécie, ambos poderes executivos podem tomar posse de informações que colaborem para uma ampliação de cada um dos sistemas, a ponto de promover saúde de melhor qualidade a uma camada populacional maior.
Enquanto temos o Sistema Único de Saúde, o SUS, em Portugal existe o Serviço Nacional de Saúde, o SNS. Em ambos países, a saúde é um direito constitucional. A Constituição Portuguesa, no seu artigo 64º diz que todo cidadão tem direito à proteção da saúde e o dever de a defender, mas na prática apenas atendimentos preventivos, urgentes e emergenciais são acolhidos com gratuidade. É um modelo parcial de assistencialismo. Já o SUS é mais abrangente engloba uma cadeia de procedimentos e cuidados maior, englobando até terapias eletivas.
Entre caras e crachás, a carta visa ainda promover a formação permanente dos recursos humanos em saúde, por meio de programas de intercâmbio e de capacitação. Método que coliga ainda mais ambos países e fortalece a atuação conjunta dos dois maiores expoentes de língua portuguesa nos foros internacionais de saúde.
Sustentabilidade também esteve em pauta. Especialmente quando o assunto é a perspectiva da saúde única (One Health) e fortalecimento a preparação, prontidão e resposta a emergências de saúde pública por meio de troca de informações.
Mais adiante ainda, o direito a alimentação é algo de suma atenção para os dirigentes. Talvez sejam estes os focos das ações conjuntas que devem provocar a promoção da alimentação saudável e na formação permanente dos recursos humanos em saúde, por meio de programas de intercâmbio e qualificação.
Prevenir, agir e concertar. Talvez seja este o caminho pré-determinado, tendo ainda o agir como maior desafio e ainda como maior compromisso.
Percebo que Portugal e Brasil estão num fluxo de reforço ao compromisso com a cooperação em saúde no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, em benefício de todos os seus membros. Isso é bom porque chama a atenção de órgãos regulamentadores ou de estudo de saúde, como a Organização Mundial da Saúde, e aumenta a inserção de ambas nações entre pautas e temas multilaterais de saúde e a importância de elevar a atuação de órgãos da arquitetura global.
Agora é tempo para Brasil e Portugal darem ainda mais as mãos, mas antes, lembrem-se das luvas e do álcool em gel.