A produção pericial tem uma presença forte para direcionar a percepção para o conhecimento que é informado na sua parte especial1 conforme a ciência aplicada: física, química e biologia, em suas mais diversas áreas.
A aplicação do conhecimento especializado, para a produção pericial, a racionalidade instrumental2 é sempre aumentada por exigência da necessidade de se aprofundar o técnico para o sucesso de um determinado exame.
A exigência forte do conhecimento técnico reduz a percepção sistêmica da própria produção pericial e deixa pensar que é o único caminho para projetar o órgão de perícia para a melhor perspectiva futura.
A produção pericial é científica, mas tem um propósito, que é só percebido quando se deixa os critérios de cientificidade ser articulados com o da relevância do humano3. Esse é o critério mais nobre da gestão e se encontra na dimensão filosófica.
O critério da relevância do humano que não faz parte daqueles critérios científicos da própria gestão é importante para a percepção da necessidade do equilíbrio das racionalidades instrumental-substantiva-comunicativa no órgão de perícia.
Lembrando que os critérios científicos da gestão são: eficiência, eficácia e efetividade, para não perder o propósito da produção pericial, devem ser articulados4 com o critério da relevância do humano.
Existindo uma gestão voltada apenas para a técnica deixa despercebida a gestão voltada para o humano que é algo maior e vai além da racionalidade instrumental.
Muitas vezes pensamos como aplicar a técnica da cadeia de custódia no mundo pericial e pensamos que é da mesma forma de como se fazer um exame pericial pela ciência química, física e biológica.
Quando se vai implementar o novo conhecimento em determinado órgão não se pode deixar de perceber as dimensões5 no órgão: cultural, social, política, ecológica, ética, educacional e que estão integradas, sendo despercebidas em razão de estar internalizados aqueles antigos paradigmas no modo existencial de ser.
A necessidade de percepção das dimensões é importante para gerenciar as viabilidades no caminho das mudanças desejadas quando se espera algo útil.
A gestão apresenta vários métodos aplicados por meios dos instrumentos: planejamento estratégico, gestão por processo, gestão do conhecimento, gestão da comunicação6, da Tecnologia da informação e da gestão da qualidade.
Não pode escolher funcionário e dizer para ele elaborar o planejamento estratégico em sua casa e querer que represente a totalidade, com certeza terá sempre a visão de mundo de poucos, reduzida e sem capacidade intrínseca por não ser interligado com o todo. O planejamento estratégico7 deve ser sistêmico, democrático e com a inclusão de conhecimento na forma participativa, não se pode colocar a rigidez da escalonada hierárquica.
Destarte, quando falamos em produção pericial estamos diante dessa complexidade que precisa ser percebida pela vivência e emprego de conceitos universais que possam informar o propósito de toda a produção e da própria existência do órgão que vai além da própria produção científica.
O propósito da produção pericial não tem como ser percebido apenas com o emprego das ciências naturais (conteúdo) e das ciências jurídicas (forma) que exige uma selvagem internalização do conhecimento técnico8 (instrumental).
É na parte geral da produção pericial que o órgão de perícia oficial pode perceber o equilíbrio das três racionalidades: a instrumental, a substantiva e a comunicativa.
Se achar que a produção científica é científica por que é fundamentada nas ciências naturais e resumir a sua importância de tudo assim é o mesmo que tirar o propósito e reduzir a realidade do universo de perícia. Qualquer ciência precisa de propósito para a sua validade local, regional e no planeta.
Não tem como fechar os olhos para o desenvolvimento da parte geral da produção pericial científica e objetiva por ser onde informa o propósito.
A integração da parte geral com a parte especial deve ser desenvolvida para a manutenção do equilíbrio dinâmico com a totalidade.
O propósito da produção pericial é informado na parte geral e essa é uma compreensão que envolve o existencial para vir a ser o que se é e de ser o que se conhece, ocorrendo com a compreensão da relação do órgão com o mundo da vida.
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1 MARINHO, Girlei V. Cadeia de custódia da prova pericial: ecoprodução. Ed. 1. Porto Velho – RO, 2021.
2 TENÓRIO, Fernandes Guilherme. Tem razão a administração? Ensaios de teoria organizacional. 3ª ed. Unijuí:Ijuí, 2008.
3 BRAGA, Valderez Ferreira. Gestão pela formação humana: uma abordagem fenomenológica. 2.ed. Barueri-SP: Manole, 2009.
4 MARINHO, Girlei V. Cadeia de custódia externa: eficiência globalizada. Ed. do Autor Porto Velho – RO, 2021.
5 MARINHO, Girlei Veloso. Método GVM: gerenciar viabilidades para mudanças: mundo da perícia: horizonte de possibilidades. 1. Ed. Porto Velho – RO, 2023.
6 MARINHO, Girlei Veloso. Cadeia de custódia interna: visão sistêmica. Porto Velho – RO, 2022.
7 MARINHO, Girlei Veloso. Método GVM: gerenciar viabilidades para mudanças: mundo da perícia: horizonte de possibilidades. 1. Ed. Porto Velho – RO, 2023
8 TENÓRIO, Fernandes Guilherme. Tem razão a administração? Ensaios de teoria organizacional. 3ª ed. Unijuí:Ijuí, 2008.