Antes de entrar no tema do metaverso convém rememorar que um fator de tomada de decisão das pessoas é a privacidade e sua possível invasão evidentemente não o único, mas um fator relevante. Pode-se observar que certos produtos não tenham “dado certo” no mercado, alguns sequer foram lançados ao público, em razão da percepção dos indivíduos que o produto era excessivamente invasivo.
Com isso em mente, o que o metaverso tem a ver com tudo isso? De certo modo podemos afirmar que o metaverso é um produto bastante invasivo, dado que os óculos de realidade virtual (VR), necessários para acessar o metaverso, coletam um grande leque de informações do usuário.
Uma das funcionalidades do metaverso é que os óculos monitoram o movimento físico da pessoa, como das mãos, por exemplo, ou seja, é possível realizar atividades de perfilação, ou seja, com base nesses dados e cruzá-los com outros, como idade, estado de saúde etc. No entanto, um dos grandes desafios é o de transparência, como por exemplo, tornar claro quais dados são coletados por aplicativos e jogos? Como são usadas essas informações?
Digamos que o usuário utilize um aplicativo de fitness/exercícios, o que é efetivamente monitorado, com quem e como esses dados são compartilhados, como esses dados são cruzados com outros? Esse potencial estado opaco será negativo à própria tecnologia. Como as pessoas vão utilizar óculos de realidade virtual e entrar no metaverso se não entendem esse ambiente e, ao mesmo tempo, possuem a com uma de estarem em um ambiente que as controla e monitora continuamente?
O metaverso se propõe a ser uma nova Internet, não sabemos ainda o seu impacto, pois ainda é uma tecnologia disruptiva. Imagine viver em um mundo onde publicidade é transmitida diretamente para você e não é possível “desligar” essa publicidade? Você será impactado sem poder sequer contestar.
Nesse contexto, não se trata apenas de impedir um cenário como o descrito acima, mas dar segurança para os consumidores e motivos para engajarem em ferramentas de VR e no próprio metaverso. Afinal de contas, se os consumidores se sentem inseguros e vigiados constantemente porque eles utilizarão essa tecnologia? O fracasso de diversos produtos, considerados excessivamente invasivos, pode ser creditado, entre outros motivos, a essa percepção dos usuários, e seguir esse caminho não se mostra adequado para ninguém, tanto para as empresas quanto para os consumidores.