De acordo com Trindade (2021), o perfil criminal é um instrumento de investigação que consiste em criar um perfil psicológico ou criminológico acerca das características do autor, ainda desconhecido, a partir da análise da cena do crime.
Trata-se de uma técnica forense que prediz as características de um ou mais agressores com base no comportamento manifestado durante a execução do crime.
Os norte-americanos calcaram o termo Criminal Profiling, o qual se refere ao conjunto de metodologias adotadas para a construção ou identificação do Perfil Criminal, que inclui avaliação de acusados, para verificar o quanto esta acusação é coerente com as características pessoais, de saúde mental e personalidade do indivíduo.
Segundo Konvalina-Simas a técnica do Profiling é considerada uma forma de análise comportamental, que tem como objetivo auxiliar os investigadores a identificar as características dos criminosos, possibilitando construir uma lista de suspeitos a partir de critérios de inclusão e exclusão preestabelecidos.
Essa função metodológica é mais aplicada em casos nos quais o crime é violento e de difícil resolução, seguindo certos critérios como:
- Ausência de vestígios forenses;
- Presença de variáveis que indiquem psicopatologia do agressor;
- Outras evidências decorrentes da investigação foram consideradas inconclusivas.
No estudo do perfil criminal, ao analisar os indivíduos, é possível classificar como os crimes são praticados, considerando a personalidade e padrões de comportamento do criminoso. Sendo assim, o perfil criminal pode se compor de acordo com o funcionamento do executor, as características da vítima ou pela cena do crime em si (Ibañez Peinado, 2017).
A análise minuciosa dos aspectos da personalidade do agressor possibilita revelar indicadores importantes acerca da motivação do crime.
A Escola do Federal Bureau of Investigation, F.B.I., em seus estudos produziu uma fórmula básica para definir o perfil criminal:
Criminal Profiling = [Análise da cena do crime + análise vitimológica + perfil psicológico e comportamental do criminoso].
Para Monzani (2013), além do Profiling auxiliar na focalização da atenção sobre um suspeito, ele também pode descartá-lo definitivamente durante a fase de investigação, permitindo limitar o rol de suspeitos e possibilitando escolher o melhor caminho investigativo a ser seguido.
Desde modo entende-se também a importância de conhecer o funcionamento de um determinado sujeito, para avaliar se este tem ou não características compatíveis com determinado tipo de crime.
Esse tipo de metodologia, principalmente quando somadas aos resultados decorrentes da análise vitimológica e criminalística, agrega valor significativo aos métodos próprios, para a exclusão de suspeitos.
Diferentemente da metodologia aplicada inicialmente, o estudo do perfil criminal também é adotado no sentido de desqualificar um suspeito como autor de determinado crime, ou seja, demonstrar se o perfil apresentado por um sujeito é ou não compatível com a agressão praticada criminalmente.
Não se pode olvidar que o processo de construção do perfil criminal é sistemático e complexo, sendo constituído por elementos que dependem da identificação das evidências comportamentais e decorrentes da criminalística.
Destaca-se que conhecer o perfil de um acusado, independente da perspectiva utilizada, seja ela indutiva, dedutiva ou combinada, não tem como objetivo substituir outros métodos investigativos.
No entanto, o perfil criminal, quando utilizado na avaliação de um suspeito representa uma técnica preditiva, que visa agregar valor no processo de contextualização das contingências relacionadas com determinado crime, oferecendo recursos e sugestões importantes ao processo judicial, com objetivos de prestar esclarecimentos pertinentes, para a Justiça.