Migalhas de Peso

Atrair o investimento - Mudar o mindset

A crise e a falta de crédito podem ser grandes oportunidades de crescimento.

25/10/2022

A falta de empresas médias leva à falta de uma classe média com poder maior de compra. O elevado número de empresas pequenas exige uma mão de obra menos qualificada e, portanto, menos produtiva e mais barata. Essa conexão (falta de empresas médias + falta de classe média) não favorece o crescimento econômico do Brasil.

O que torna um mercado mais produtivo é a dinâmica das médias empresas, pois isto aumenta a competitividade e inovação. Não fosse apenas isto, esta dinâmica atrai altos executivos, aumenta a pressão competitiva (sair da zona de conforto) e atrai uma mão de obra mais qualificada. Isto estimula um crescimento orgânico do consumo e da economia, tornando a geração de riqueza mais constante e o crescimento do Estado mais sustentável.

É neste cenário que o empresariado tem que se colocar. As premissas de se fazer negócios estão em fase de transição e o jogo do sistema do capital deve ser observado, sob pena de ser apenas um pequeno empreendedor coadjuvante na potencial abertura do mercado para o mundo competitivo. 

Conglomerados globais tendem a explorar os recursos naturais e a mão de obra brasileira, bem como vender seus produtos, serviços e soluções para o mercado do Brasil. Estes players possuem boa governança, transparência, executivos bem remunerados e são extremamente agressivos na busca de seus objetivos.

O fato é que o cenário para as empresas locais não é dos melhores. Com exceção de algumas poucas empresas de grande porte e atuação multinacional, a grande parte do mercado brasileiro é formado por empresas de pequeno porte (faturamento até R$ 200 milhões de reais) que são facilmente absorvidas e substituídas num cenário de abertura da economia e escassez de crédito subsidiado (público).  

As empresas brasileiras, em sua maioria, estão num contexto de mercado emergente e estrutura familiar e isto significa: i. pouca pressão para crescer; ii. Pouco incentivo para gestor não familiar; iii. Aversão a diluição de patrimônio e, iv. Menos propensão à alavancagem. Além destes elementos, são famílias empresárias que tendem a ser paranoicas em relação a abrir informações sobre o seu negócio e tendem a supervalorizar o preço de suas empresas.

Portanto, é necessário mudar o mindset em relação ao modelo de se fazer negócio no Brasil, sob pena destas empresas familiares não suportarem a concorrência que está por vir ou não existir por falta da estrutura de crédito que prevaleceu até então. 

O entendimento do risco-retorno nunca foi tão necessário como agora. Quanto maior o risco, maior o retorno. E num cenário de Juros Reais perto de 1% e se consolidando neste patamar, é necessário assumir mais riscos nos investimentos e, principalmente, nos negócios.

A crise e a falta de crédito podem ser grandes oportunidades de crescimento. Consolidar a empresa familiar via abordagem de M&A pode mitigar riscos e acelerar expansão e crescimento da empresa. Além disso, torna o ambiente de negócio mais atrativo e sustentável.

Victor Hugo Nunes Moreira
Advogado e sócio do escritório Nelson Wilians Advogados.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

A nova correção dos precatórios: Um retrocesso para os credores

30/10/2024

O STF em debate - O amigo do rei

31/10/2024

Planejamento sucessório: TJ/SP afirma a legalidade de escritura pública de pacto antenupcial que prevê a renúncia recíproca ao direito sucessório em concorrência com descendentes

1/11/2024

O uso do WhatsApp como ferramenta de comunicação profissional: Aspectos práticos e jurídicos

31/10/2024

O argumento da hipersuficiência para admitir a pejotização

1/11/2024