Migalhas de Peso

Por quem os sinos dobram?

Eles dobram por todos nós em função de análises e decisões erradas.

3/10/2022

Tenho acompanhado de perto as análises de grandes economistas internacionais e, apesar de não poder me equiparar a eles, chego à triste conclusão de que os resultados estão corretos mesmo que baseados em algumas premissas falsas, ou seja, atiraram no que acharam que viram e acertaram no que não viram. Mesmo acertando no resultado ocorre que as decisões implementadas a partir do mesmo sofrem um grave risco de ser erradas em razão do erro das causas que instruirão a mitigação.

Talvez o leitor esteja espantado com o atrevimento deste pobre escriba, por favor não se espantem porque sou atrevido mesmo e honro a minha classificação de ‘subversivo’ (aquele que propõe e/ou executa ações com o objetivo de transformar ou derrubar a ordem vigente – Michaelis, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa) com muito orgulho.

Antes de uma análise mais acurada de qual a ‘ordem vigente’ gostaria de transcrever alguns trechos do artigo publicado por João Pedro Malardo, do CNN Brasil Business em 17/9/22, “Inflação do Brasil é inferior à de países desenvolvidos, incluindo europeus; entenda”, onde analisa o pensamento econômico de Stephan Kautz, economista-chefe da EQI:

“O economista ainda vê um alívio da inflação brasileira concentrada em alguns grupos, como de bens duráveis e, especialmente, de combustíveis, barateados pelo novo teto de cobrança do ICMS e pela queda no preço do petróleo, permitindo reajustes pela Petrobras. Kautz destaca que, desde julho, a inflação brasileira recuou cerca de dois pontos percentuais, enquanto a europeia avançou mais de quatro. Além da diferença nos números, há também dinâmicas inflacionárias diferentes.

Kautz avalia que a inflação brasileira já entrou em trajetória de desaceleração, mas que o ritmo de queda ainda está aquém do esperado pelo Banco Central, o que justificaria ter juros maiores por mais tempo. Ele também acredita que os Estados Unidos chegaram a um pico inflacionário, com indicadores como de preços ao produtor e de importados em queda, um quadro que deve se refletir nos preços aos consumidores nos próximos meses. ‘A inflação deve desacelerar, mas ainda não se sabe a velocidade. Por não saber essa velocidade, o Fed ainda vai continuar subindo juros até o início do ano que vem’, afirma.”

Há que se respeitar as conclusões de um economista do nível de conhecimento alcançado por Stephan Kautz cujas análises se basearam na atual ordem mundial estabelecida e por isso mesmo com algumas premissas falsas. Afinal qual a ordem mundial estabelecida? Comete o erro de aceitar, em princípio, duas premissas falsas: ‘a pandemia quebrou a economia mundial’, um erro crasso, o que quebrou a economia mundial foi a solução proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – o ‘lockdown total’ - que em pânico, os países seguiram sem pestanejar.

A guerra do leste europeu está agravando a quebradeira mundial, outro grave erro de avaliação e premissa falsa, o que na realidade está agravando o problema mundial não é a guerra em si e sim as ‘sanções econômicas adotadas pela União Europeia e pelo governo do Joe Biden. Caso não tivessem havido as tais sanções tal conflito teria seguido o mesmo roteiro dos demais patrocinados pelos EUA ao longo dos últimos 100 anos. No caso é preciso esclarecer que a UE apenas seguiu o ‘script’ elaborado pelo Biden. Como afirmou Rap (Hubert Gerold) Brown, americano ativista dos direitos civis e separatista negro – “A violência é tão americana quanto a torta de cereja”.

No caso do Brasil Kautz “vê um alívio da inflação brasileira concentrada em alguns grupos, como de bens duráveis e, especialmente, de combustíveis, barateados pelo novo teto de cobrança do ICMS e pela queda no preço do petróleo, permitindo reajustes pela Petrobras”. Esquece totalmente a contribuição do mundo rural brasileiro e dos transportadores. Esquece, também, a indisciplina da mor parte dos brasileiros que não seguiu cegamente a proposta da OMS do lockdown total por perceber que se ficasse trancada em casa simplesmente morreria de fome e foi para as ruas ganhar o ‘pão de cada dia’.

O nosso mundo rural não adotou a medida de lockdown total e, juntamente com os caminhoneiros, aplicaram o lockdown inteligente, isolaram os mais velhos de saúde frágil e os que possuíam doenças pré-existentes, o restante foi à luta. A consequência é que nunca faltou a produção e circulação dos alimentos. Para os que não sabem é preciso informar que o Brasil foi um dos raros países onde a cadeia alimentar não quebrou. Também não podemos olvidar, atenção não se trata de uma postagem político/partidária e sim a constatação da realidade, as medidas de apoio financeiro do Governo Federal em conjunto com o Congresso Nacional aos que perderam seus empregos ou aos que se isolaram evitou, também, a quebra da nossa economia.

Alguns dirão que a Covid-19 foi uma tragédia de enormes proporções, o que é totalmente verdade. Neste artigo não vou enveredar pelas perseguições que sofremos do ambientalismo extremado e as decisões, algumas erradas, de se implantar determinadas mitigações. A civilização humana tem sido reduzida por pragas viróticas e milhões de vida foram perdidas ao longo de sua história. Outras pragas virão e a única forma de minimizá-las no futuro é não cometer o mesmo erro de séculos reforçando a ‘Saúde Pública’.

“A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. Trecho de um poema de John Donne, poeta inglês do século 17, usada por Ernest Hemingway no começo de uma de suas obras mais importantes.

Gil Reis
Consultor em Agronegócio.

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