Migalhas de Peso

Compensações de carbono

Os detratores dizem que a compensação é uma 'lavagem verde'.

12/9/2022

A leitura das publicações do site do “WORLD ECONOMIC FORUM” é bastante interessante. É preciso ficar bastante atento porquanto esse site é o ‘porta voz’ mais eficaz e contundente do ‘neocolonialismo’. Fico impressionado como a pregação do neocolonialismo que sempre foi feita disfarçadamente mudou. Hoje, diante de todo o sucesso alcançado pelo ambientalismo extremado que usa como ‘arma letal’ as publicações da grande mídia ocidental, a campanha se despe de todos os disfarces acreditando que a mor parte dos leitores não tem formação suficiente na área ambiental, o que é verdade, para entender o que está escrito nas entrelinhas.

Felizmente alguns leitores, grupo no qual me incluo, tem a capacidade de discernir o que é publicado no porta voz do neocolonialismo e traduzir para uma linguagem mais simples o que é divulgado. A ideia deste artigo é jogar a luz sobre alguns conceitos.

As compensações de carbono ocorrem quando uma empresa poluidora compra um crédito de carbono para compensar o gás de efeito estufa que emitiu. O dinheiro deve ser usado para financiar ações em algum lugar do mundo que removam a mesma quantidade de carbono do ar ou para evitar emissões de carbono - World Economic Forum.

Será que todos entenderam o conceito exposto sobre as compensações de carbono? Vou tentar traduzir de forma bem simples. Trata-se de uma ação dos países mais ricos para proteger as suas grandes empresas que não somente depredam o meio ambiente como, também, ao longo do tempo tornaram-se grandes poluidoras prejudicando não o planeta e sim todos os seres vivos que habitam ou habitavam o seu ‘entorno’. Aí já se saiu da mera hipocrisia e se trilhou, de forma bem transparente, o caminho do cinismo.

Os detratores dizem que a compensação é uma 'lavagem verde', permitindo que as empresas evitem cortar suas emissões enquanto ainda podem afirmar que são, ou serão, neutras em carbono - World Economic

Vejam a autodefesa prévia contra todos nós que entendemos de forma clara a exposição conceitual cínica das compensações de carbono, vem a cavalo como se tivesse asas, nos enquadrando como ‘detratores’, busquei os sinônimos do termo ‘detrator’ -  acusador, difamador, maledicente, ultrajador – os pensadores do World Economic foram fundo e escolheram ofensas pesadas contra os que pensam diferente. Bom não posso me queixar, pois chamei-os de cínicos.

Vamos analisar o ‘crédito carbono’, é preciso esclarecer que não sou opositor de tal crédito desde que seja utilizado de forma inteligente. Na minha modesta opinião trata-se de uma forma sofisticada de impedir que os países em desenvolvimento utilizem suas terras para produzir mais alimentos e exporta-los abalando a posição dos ‘países todo poderosos’ no comércio internacional com fez o Brasil. Concomitantemente o tal crédito serve para impedir o desenvolvimento de alguns países, o que levaria inevitavelmente ao desequilíbrio do poder na geopolítica. O crédito carbono abre as portas para um vasto ‘propinoduto’, ou seja, paga-se propina para que determinados países não aumentem a sua produção, até mesmo a reduzam, impedindo o desenvolvimento subsequente – mata-se dois coelhos de uma só cajadada.

"Se tivéssemos uma varinha mágica, teríamos preços de carbono eficazes em todo o mundo. Não temos essa varinha” — Rachel Kyte, co-presidente da Voluntary Carbon Markets Integrity Initiative

Pronto surgiu um complicador aparentemente ‘ingenuamente’ exposto quando na realidade trata-se de um recado, bem claro, para os países que desejarem comprar créditos de carbono que estão livres para regatear usando a necessidade de recursos dos países vendedores – abre-se assim mais uma porta – a do regateio e negociação de preços baseado na fragilidade dos países vendedores. Simples assim.

O Brasil neste ‘jogo de gato e rato’ encontra-se em uma situação privilegiada em função do nosso rigoroso ‘Código Florestal’ sem equivalência em qualquer outro país, afinal sempre fomos ‘mais realistas que o rei’ e desta vez traz frutos benéficos. O nosso país, naturalmente em função do código e da obediência da maioria esmagadora dos produtores rurais, possui hoje para a venda sem precisar se ajoelhar, um estoque de carbono inigualável e, mais, sem nenhuma necessidade de reduzir sua produção ou restringir a sua ampliação.

É preciso observar que apesar dos compromissos internacionais assumidos, da legislação interna e do nosso estoque de carbono os países potenciais compradores preferem procurar outros mercados. Não fingirei ingenuidade para alegar não saber a causa, claro que sei, a possiblidade de alavancar o desenvolvimento do Brasil e o crescimento da produção de alimentos brasileiros assusta muito o resto do mundo.

Assim mesmo temos que ficar muito espertos, o neocolonialismo está batendo à nossa porta e existem outras inteligências, que contam com a participação de ONGs internacionais que invadiram há muito os nossos territórios e colaboracionistas locais que trabalham em troca de 30 moedas, que devemos ‘brecar’ para que não contaminem as nossas autoridades com ‘sonhos de uma noite de verão’ e os nossos políticos com as picadas da ‘mosca azul’. Temos que ter pressa, o tempo urge e como o rio corre em uma única direção. “Ah! O relógio é sempre lento. Já é mais tarde do que você pensa” — Robert W. Service, poeta e escritor britânico-canadense, muitas vezes chamado de "o Bardo do Yukon".

Gil Reis
Consultor em Agronegócio.

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