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Leandro Lo e o crime iconoclasta

A arma serve para equiparar os desiguais em situações de legitima defesa, aqui se trata de dois lutadores preparados, reconstituição do crime, ou o quer que seja não trará a felicidade dos familiares de volta, o que aconteceu é claro, um homicídio por motivo fútil.

1/9/2022

O Brasil, particularmente, o campo esportivo, aliás com repercussão mundial acompanhou indignado e entristecido a tragédia do assassinato do multicampeão de jiu jistsu Leandro Lo, pelo também lutador, faixa roxa da mesma arte, Henrique Velozo.

Este crime pelas características do fato e o perfil dos envolvidos, vítima e autor nos remete ao fenômeno iconoclasta radical que transforma um admirador num destruidor de ídolo.

Historicamente, tais crimes pela surpresa e perplexidade que provocam levantam sempre para a criminologia e a sociedade, a questão do amor e ódio, na ambivalência de uma identificação e a demanda em particular poderíamos denominar de saga do Herói.

Senão vejamos, Leandro Lo, conhecido como campeão do povo, oito vezes campeão mundial, notoriamente e de maneira unanime querido por seus pares, teve uma carreira vertiginosa de sucessos, se transformando em uma lenda muito jovem.

Idolatrado pelos aficionados das artes marciais tinha um carisma acentuado por traços de personalidade, atlético, sempre feliz, gostava de dançar e que todos em sua volta estivessem sempre felizes, transformou seus rivais na luta em verdadeiros amigos, o transformando num autêntico astro da “sociedade do espetáculo” em que vivemos na concepção filosófica contemporânea.

Não precisa se aprofundar aos autos para identificar claramente como um homicídio premeditado, já que não era a primeira vez a ser incomodado pelo homicida, este que não deveria estar em uma festa ou casas de tavolagem, muito menos armado conforme sentença de segunda instancia em que o condenou após uma briga desleal. A arma serve para equiparar os desiguais em situações de legitima defesa, aqui se trata de dois lutadores preparados, reconstituição do crime, ou o quer que seja não trará a felicidade dos familiares de volta, o que aconteceu é claro, um homicídio por motivo fútil.

Como acontecido com John Lennon, o presidente Kennedy entre outros casos clássico de crime contra quem a uma admiração, a cena do psicodrama tem todos os elementos da chamada “crônica da morte anunciada”.

Discutir esta questão é essencial para compreender e até evitar a repetição de vidas ceifadas, cruelmente, em momento de plenitude.

Flavio Henrique Elwing Goldberg
Advogado e mestre em Direito.

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