Migalhas de Peso

Estuda: o direito está em constante transformação. Se não o acompanhas, serás cada dia menos advogado

As novas áreas, aliadas a rápida troca de informações e de conhecimento criam um ambiente fértil àqueles que sabem aproveitar a mudança. Cabe ao jovem advogado, pedra fundamental desta alteração no paradigma, não se intimidar e buscar seu espaço.

22/2/2022

(Imagem: Arte Migalhas)

Hoje o tema é sobre o primeiro mandamento sobre a obra “Os Mandamentos do Advogado” de Eduardo Couture. É a primeira de uma série de pílulas sobre a obra. Acompanhe! 

Na semana passada a coluna de estreia foi uma prévia da série que iremos abordar nas próximas semanas: o livro os mandamentos do advogado, de Eduardo Couture.

O primeiro dos mandamentos elencados por Couture como necessários e imprescindíveis ao mister da advocacia é estudar. Eis a redação do primeiro andamento:

Estuda: o direito está em constante transformação. Se não o acompanhas, serás cada dia menos advogado.

Couture justifica este mandamento pela existência de milhares de leis, artigos, mandamentos, portarias e resoluções que cada país possui. A justificativa é válida, pois não há como um advogado ter a certeza de que conhece todas as regras legais sobre determina área. O direito está em constante evolução, assim como a advocacia.

Não fosse suficiente, as normas, assim como nascem, também se modificam e morrem constantemente, fato que exige uma atualização diária do advogado.

Além disso, o advogado precisa conhecer de cultura geral, que possibilitará conversar com todas as pessoas, não apenas aquelas do meio jurídico, mas conhecer e entender a sociedade em que vive. O advogado do futuro, principalmente aquele que está começando nesta nova era de inovação da advocacia, deve utilizar os novos mecanismos que a legislação trouxe, principalmente para se diferenciar dos demais.

Couture menciona o risco de atuar e um caso e não conhecer o direito e a legislação, pois “no caso mais difícil e delicado, naquele em que tenha esmagado seu adversário sob o peso de sua enorme erudição, seu opositor pode limitar-se a indicar o artigo de uma lei esquecida ou ignorada. E então, mais uma vez, como na apóstrofe de Kirchmann, uma simples palavra do legislador terá reduzido a pó uma biblioteca inteira”.

É justamente por isso que a jovem advocacia, mais de 40% de todos os advogados e advogadas brasileiros, deve focar na constante atualização.

Não há como negar que outra dificuldade para os jovens advogados é o incentivo ao concurso público, que é estimulado desde o início da faculdade, seja pelos professores, ou pela própria família. Muitos jovens advogados iniciam a carreira na advocacia insatisfeitos.

A jovem advocacia não se pode deixar levar por esse incentivo ao concurso público. É necessário perseverar na advocacia, pois os frutos somente serão colhidos depois de algum tempo no mercado. É uma realidade difícil de encarar no início da profissão, mas a chave para sucesso é a perseverança e dedicação com a advocacia.

Neste cenário em que muitos vislumbram dificuldade, é preciso ver oportunidade. O jovem advogado deve aproveitar o momento de incertezas do mercado e se destacar. A advocacia é vocação.

Aqui não é apenas uma dificuldade para o jovem advogado, mas uma oportunidade.

Com o mercado cada vez mais especializado e com novas possibilidades, que vão desde inteligência artificial aliada ao direito, tecnologia, startups, nova lei de licitações, reformas previdenciárias, trabalhista, administrativa, marco legal do saneamento, marco legal da inovação. Não faltam oportunidades aos advogados que querem estudar, cabendo unicamente ao profissional perceber este direcionamento e abraçar a oportunidade.

A inovação e especialização são dificuldades para àqueles que vislumbram esta mudança no mercado com a cabeça fechada, sem perceber que para superar este problema é necessário identificar sua área de atuação – que só é possível descobrir conversando com os colegas que atuam nas diversas áreas – e estudar, estudar e estudar.

Couture encerra da seguinte forma: como todas as artes, a advocacia só se aprende com sacrifício, e, como em todas as artes, também se vive em constante aprendizagem.

É por isso que o jovem advogado deve perceber que o mercado é dinâmico, assim com a jovem advocacia, então o modelo de advocacia que perdurava até pouco tempo atrás não pode servir de parâmetro para quem está começando a carreira.

As novas áreas, aliadas a rápida troca de informações e de conhecimento criam um ambiente fértil àqueles que sabem aproveitar a mudança. Cabe ao jovem advogado, pedra fundamental desta alteração no paradigma, não se intimidar e buscar seu espaço.

Arthur Bobsin de Moraes
Sócio da Cavallazzi, Andrey, Restanho & Araujo. Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bacharel em Direito pela UFSC. Autor de artigos em revistas especializadas.

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