Desde a Grécia antiga, havia o culto à beleza física como sinal de saúde e empoderamento, criando paradigmas corporais, que se perpetuaram por muitas gerações. Nesse sentido, pode-se contextualizar que muitos valores culturais e sociais greco-romanos podem ser considerados eternos e imprescritíveis e repercutem nas ações da sociedade contemporânea. No entanto, quando se analisa os fatos materiais, percebe-se que, em oposição aos ideais, coadunam com a volatividade e se evanescem com o tempo e com o tipo de sociedade que os utiliza. Nessa linha de pensamento, mesmo os ideais e os atos materiais de certa época devem compactuar com a diversidade erga omnes, evitando valorizar uma forma de beleza predeterminada e específica, quase inatingível em qualquer cultura.
A priori, deve-se enfatizar que os valores culturais oriundos da Grécia antiga transcendem o tempo e perpetuam em diversos ramos como filosofia, arquitetura, sociologia e Direito, ou seja, têm importância ímpar, mesmo diante das mudanças extremas. Um exemplo disso pode ser percebido nos ensinamentos dos filósofos Platão e Cícero, cujos questionamentos e argumentações estimulam a interpretação contínua por muitos doutrinadores da sociedade atual. Nesse plano, a grande questão a ser respondida é se a valorização excessiva ao corpo físico está em equilíbrio com o a conhecimento abrangente em diversas áreas pelos gregos de outrora.
Nessa linha de pensamento, mesmo diante de todos os benefícios socioculturais, percebe-se que a materialização pontual varia de acordo com a temporalidade e com o tipo de absorção de cada sociedade sui generis. Explicando melhor, quando se materializa a beleza apresentada pela moda, por exemplo, percebe-se que os tipos de vestimentas são volúveis e se evanescem com o tempo. Nesse diapasão, por mais que em uma época haja um modismo padronizado, há obsolescência material e substituição, ao contrário do que acontece com os ideais enraizados no coletivo.
Diante de toda essa dissertação, resta esclarecer que mesmo a beleza estipulada na Grécia Antiga, como a estandardização física da atualidade deve contradizer certos dogmas que excluem a diversidade. Destarte, há algo de belo na variedade, na simplicidade e na cultura moderna de respeitar o diferente, como um fator de evolução humanística. Nesse sentido, quando uma sociedade percebe que os antigos paradigmas físicos são inatingíveis ou inaceitáveis, permite que cada indivíduo seja aceito e inserido socialmente, independente de seu status quo. Segundo o físico alemão Albert Einstein, "todos deviam ser respeitados como indivíduos, mas ninguém devia ser idolatrado. O que devemos celebrar mais do que a diversidade é o que fazemos com ela. Como podemos trazer todas as tendas a criar algo em conjunto?"