Migalhas de Peso

Quem disse que é solução?

Ninguém se torna bandido ou perverso “de graça” e nem qualquer um de nós nos tornamos “gente” sem que tenhamos recebido amor, cuidados e limites, durante nosso desenvolvimento.

28/1/2004

Quem disse que é solução?

 

Valfrido Medeiros Chaves*

Ninguém se torna bandido ou perverso “de graça” e nem qualquer um de nós nos tornamos “gente” sem que tenhamos recebido amor, cuidados e limites, durante nosso desenvolvimento. Falhas, carências e privações graves impedem o processo evolutivo da criança até a condição de ser humano e, portanto, capaz de amar, ter respeito pelo outro, ser solidário, generoso. Naquelas condições adversas, a criança pode se tornar um adulto “deficiente afetivo”, cuja marca é a falta de escrúpulos na escolha dos meios para atingir os seus fins, sejam eles quais forem. Trata-se de um processo irreversível, infelizmente. Sabe disso a Psicologia, a Psiquiatria e a sabedoria popular: “pau que nasce torto, morre torto”.

 

Lastimavelmente nossa sociedade tem sido indiferente à existência de milhões nascidos de mulher e que vivem em condições sub-humanas, condições as mais adversas possíveis para que a humanidade se desenvolva em seu psiquismo. São vítimas, antes de passarem a fazer vítimas, quando devolvem com juros e dividendos de maldade, o que de maldade receberam.

 

Uma das marcas desses seres é a precocidade na prática de ações em que vitimizam seus semelhantes, sendo a reincidência o fato que os acompanhará ao longo da vida. Estes são os fatos e, me desculpem a pretensão, quem deles discorda não tem conhecimento de causa.

 

Neste ponto, a questão que se coloca é esta: Pode a minoridade e Leis que ignoram noções básicas do desenvolvimento humano, se somarem para nos deixar à mercê de seres incapazes de empatia por outro ser humano e, portanto, incapazes de se auto determinararem em quaisquer circunstâncias em que seus desejos e instintos são despertados?

 

Quem disse que excluir tais seres do convívio social “é solução”? Mas a solução seria essa, deixá-los à solta, como uma roleta russa ao acaso, sem saber quando, onde e a quem, ela detonará? Será que as pessoas que dizem “não é solução” para a redução da idade para a responsabilidade legal do psicopata, levaria um deles para sua casa, ao invés de deixá-lo num competente presídio para menores? Será que tais “brasileiros bonzinhos” não poderiam assumir, com esse gesto, a responsabilidade por sua opinião generosa?

 

Quero lembrar aqui que, em Estados Americanos, as pessoas que cometem abusos contra crianças, quando postos em liberdades, são obrigados a informarem sobre seu delito, a seus vizinhos, para que estes possam se precaver, quanto à segurança de seus filhos! Lá, a preocupação preponderante é com o inocente, para que ele não se torne uma vítima e, a partir daí, com tendência a vitimizar outros inocentes. Sabiam disso, nossos doutos preocupados com que a exclusão de psicopatas e perversos, do convívio com a sociedade? Que tal se preocupar um pouco mais com a proteção dos inocentes, os quais tanto podem ser também menores de idade, quanto seus pais?

 

Vamos aprofundar essa discussão? A nossa digna e sempre presente OAB, o que está esperando? Nossos Diretórios Acadêmicos? Esperar o quê? A desgraça lançar seu manto sobre nossa própria cabeça e cobrir de luto o resto de nossas vidas, ou de nossos filhos? Afinal, um de nós será sorteado...

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* Psicanalista

 

 

 

 

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