Durante a XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 20 de julho de 2009, decidiu-se que 5 de maio seria o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Uma década depois, durante a 40.ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o órgão das Nações Unidas também reconheceu a data comemorativa.
A CPLP é constituída por nove Estados-Membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Além desses países, o Português é falado em antigos territórios ultramarinos. Isso inclui Goa, um estado da Índia e Macau, que voltou a pertencer à China em 1999.
Com aproximadamente 280 milhões de falantes, a Língua Portuguesa é a 5.ª mais popular no mundo, sendo o idioma mais falado no hemisfério sul. Apesar das diferenças de sotaques entre os países, um acordo ortográfico entrou em vigor no ano de 2016, numa tentativa de padronização gramatical.
Conforme destacou o embaixador Francisco Duarte Lopes, representante permanente de Portugal junto à ONU: “A língua portuguesa é uma ponte que cruza todo o oceano, liga todos os continentes, a sua riqueza provém também desta diversidade. É muito importante celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa como sinal visível do multilinguismo, como testemunho de diversidade, inclusão e solidariedade”.
Esse elemento aglutinador de solidariedade oferecido pela língua em comum merece destaque. Afinal, sabidamente, os países de língua portuguesa não formam um grupo cultural, político e econômico homogêneo, com características e visões de mundo idênticas. Pelo contrário: trata-se de um grupo muito diverso, em termos geográficos e comportamentais. Contudo, o uso do Português possibilita uma integração dos todos os lusófonos, com desdobramentos em segmentos específicos.
Tome-se, por exemplo, o Fórum Econômico de Macau. No evento mais recente, em março, o secretário-geral adjunto, Ding Tian, ressaltou que Macau tem um papel único na interação chinesa com os países de Língua Portuguesa e gera muitas oportunidades dentro da iniciativa “Cinturão e Rota”. Destacou ainda que o foco do Fórum a curto prazo é a cooperação para combater a pandemia e a recuperação econômica pós-pandemia, com desenvolvimento social.
Outra entidade que merece atenção é a UALP – União dos Advogados de Língua Portuguesa, entidade criada em 2002 com a designação de “Associação das Ordens e Associações de Advogados dos Países de Língua Portuguesa". Atualmente, a UALP representa mais de um milhão de advogados e advogadas, incluindo profissionais de Macau.
O foco de atuação da UALP recais sobre a cooperação, o exercício da advocacia e da legislação relevante aplicável aos advogados, além do compartilhamento de experiências em gestão, realização de eventos e participação dos seus membros com as respectivas Ordens e Associações.
Considerando-se a importância da linguagem como elemento de união entre os povos, fica patente que existe uma ponte muitas vezes inexplorada, mas capaz de unir profissionais de lugares tão distantes geograficamente como Brasil e Macau. O uso da tecnologia tem encurtado as distâncias, possibilitando o trabalho em conjunto desses juristas.
Isso posto, neste dia Mundial da Língua Portuguesa, cabe uma reflexão sobre como a linguagem comum pode oferecer oportunidades ainda não exploradas. Da costa da América, passando pela África e se estendendo até o extremo asiático, a Língua deixada como herança das navegações portuguesas pode ser oferecer um instrumento de união entre povos que têm mais em comum do que possa parecer.