Percebendo ao longo da história como tudo muda e evolui muito rápido, inclusive os métodos de gestão já estão evoluindo para este novo cenário, nos deparamos com o CINO, Chief Innovation Officer (Lider de Inovação), pessoa dentro do corpo diretivo que transitará com a inovação dentro das áreas, dos produtos e do mercado.
A essência do propósito do CINO é trazer a cultura da inovação para a liderança da empresa, de modo que reverbere para toda organização. Este é um gerador de receita e ao mesmo tempo um centro de custo.
Este profissional ajudará organizações a se moverem mais rapidamente em suas decisões e projetos.
O CINO tem habilidades específicas para transitar entre as áreas, comunicação, influência, relação de extrema confiança com o CEO e os executivos do corpo diretivo, networking externo, ele tem em sua essência a capacidade criativa de sair do nada para algo tangível, de engajar pessoas para esta missão, de liderar times e de trazer o valor mensurável para a organização.
Um dos pontos de discussão é sobre o design organizacional, a quem se reportaria o CINO? Sua equipe seria multidisciplinar como um SQUAD? Seriam contratadas pessoas específicas para trabalhar a inovação?
Caso a empresa tenha em seu desenho organizacional unidades de negócio, a unidade em que o CINO estaria locado estaria necessariamente se tornando o “braço criativo” da organização?
No livro Innovation Alchemists: What Every CEO Should Know to Hire the Right Chief Innovation Officer1, o autor propõe algumas medidas que podem ajudar o design organizacional:
- O Cino como estrategista – quando o CEO deseja inserir o legado da inovação na empresa, de forma que exija a mudança de mindset, o CINO atua de forma individual, muitas vezes consultiva, onde pode ocorrer um plano para que haja a transição de uma cultura organizacional tradicional para a cultura de inovação em suas práticas e processos. Neste molde de design, o risco é unicamente do CINO, de forma que é considerado o recurso proveniente dos projetos de inovação mantenham o CINO na empresa;
- O “CINO POD” – Pod é proveniente da sigla em inglês Proof of delivery que é baseado na entrega de resultados, como sugestiona, neste caso o CINO não trabalha sozinho, ele possui uma pequena equipe, segundo o autor, nos Estados Unidos esta é uma modalidade que os CEO’s costumam aderir, uma vez que há a participação de outros membros do corpo diretivo da empresa pois há a necessidade de mudança da cultura organizacional, de direcionar novas estratégias para o time como um todo, há a necessidade de engajamento nos processos e pessoas. Neste caso a expectativa de receita é a médio e longo prazo.
- Times de inovação ou tecnologia de produtos – A inovação tende a ser centralizada e é raro encontrar a inovação estruturada às equipes de suporte ou tecnologia. Eventualmente o CINO POD pode alterar este caminho, mas neste desenho organização, os times de inovação estão ligados à equipe de tecnologia da empresa, de forma que elas criem plataformas de produto ou serviço, dessa forma, existe a possibilidade de geração de receita. Neste caso, o CINO não deve estar vinculado ao sucesso de uma plataforma específica, este seria um dos projetos inovadores, mas a partir do momento que o projeto é pilotado sem a ajuda do CINO, este deve se atentar para o próximo projeto.
- Capacidade de construção – nesta situação, existe uma equipe de inovação em que o objetivo é construir recursos para empresas com diversas filiais, fornecendo capacidade de tecnologia para o gerenciamento das ideias de toda corporação, por exemplo, assim como serviços de desenvolvimento cultural, como uma espécie de universidade corporativa, de modo que as competências que a empresa julga necessárias para implantar a inovação sejam estabelecidas, o investimento é no conhecimento para que seja desenvolvido em cada filial.
- Equipe de inovação disruptiva – Esta equipe receberá alto grau de autonomia e não é prejudicado pela burocracia, normalmente trabalha com projetos de alta complexidade e sigilo. Outra vantagem deste modelo é que CEO e CINO trabalham mais próximos, definindo a melhor forma de implantar os projetos, além do fato de que este modelo mantém os funcionários vinculados ao seu departamento, evitando centro de custo permanente e a equipe pode permanecer o tempo necessário, sendo um mês, seis meses a depender da necessidade.
O CINO gerencia processos de inovação, normalmente na prática ele também gera a ideia, porém, uma característica interessante do CINO é que ele sabe reconhecer boas ideias provenientes de outras pessoas da empresa.
Vejamos os possíveis perfis de CINO’s que podem permear a inovação nas empresas:
a. Orientador
Estes são nomeados pelo CEO para se concentrar na estratégia de inovação, que podem trabalhar sozinhos ou com uma equipe de estratégia, funcionaria como uma espécie de consultoria de gestão, examinando os processos atuais e direcionando a empresa para práticas inovadoras, auxiliando o CEO a transformar o negócio. Neste caso, a responsabilidade da execução é da equipe gerencial ou das unidades de negócio.
b. Catalisador
Este possui a capacidade de desenvolver práticas e iniciar processos. Ele ajuda a organizar, gerenciar e mensurar diversas entregas de forma a apoiar os processos de inovação da empresa. Pelo fato da inovação ser um processo relativamente novo, ou seja, pensar em novas formas de fazer as tarefas, no mercado, novos produtos e serviços, todos estariam atentos às tendências, o CINO catalisador tem esta função quase evangelística de transformar líderes e gerentes em funcionários com o mindset colaborativo e inovador. Os CEO’s endossam este CINO, permitindo que este trabalhe para criar impacto em sua organização, alguém que faz as mudanças positivas e necessárias, uma vez que o consultor ou orientador CINO pode ser ou não permanente na empresa.
c. Treinador
Com o tempo a empresa passa a ter as competências e habilidades necessárias para que a cultura da inovação se espalhe nos processos e na liderança, o próximo desafio passa a ser a disseminação desta cultura através da hierarquia e nas áreas operacionais.
Este treinador funcionaria como uma espécie de Coach, facilitador dos processos de inovação, auxiliam o desenvolvimento de estratégias avançadas nas unidades de negócio, uma vez que possuem administração descentralizada, este tipo de CINO não desenvolve a estratégia, apenas se certifica que ela está sendo cumprida pela corporação como um todo.
Estes fornecem informações, ideias e modelos avançados para promover a criatividade com o grupo. Estes CINO’s já entendem a cultura da organização e têm extensas redes internas para proteger as informações e o conhecimento não documentado, essenciais para estratégias avançadas.
d. Servidor
Este CINO encontra uma empresa madura no quesito inovação e em suas práticas inovadoras na empresa.
A necessidade de desenvolvimento de estratégia, após o trabalho do CINO catalisador e de treinamento trouxe neste patamar à orquestração estratégica da missão de inovação da organização.
As plataformas são oportunidades de crescimento que unidades de negócios. Eles são a própria essência da gestão sinérgica em inovação. As plataformas geralmente implicam inovações no modelo de negócios. Após o domínio e gerenciamento de um portfólio baseado em novos produtos ou serviços, este CINO trabalha de forma estratégica junto ao CEO, orientando sobre o que investir, quando investir, quando vender a ideia que deu certo (vemos práticas como esta nas empresas que abrem espaço para startups em suas organizações).
Este CINO possui habilidades importantes como a gestão de pessoas, recrutando pessoas especializadas, desenvolvimento interno de habilidades necessárias para o andamento dos projetos, busca de parcerias especializadas e estratégicas. Este profissional combina expertise com a excepcional gestão de pessoas.
A partir destas diretrizes, é possível definir no organograma do escritório, quais serão as atribuições necessárias para que haja um Head de Inovação dentro da organização.
______________________________
1 Solis, Luis, Innovation Alchemists: What Every CEO Should Know to Hire the Right Chief Innovation Officer. Bookbaby; 1 edition.