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5 formas simples de gerenciar o medo e a ansiedade no trabalho

Objetos de maior atenção durante a pandemia, o medo e a ansiedade são sentimentos comuns à prática profissional e, quando não debilitantes, podem ser controlados através de técnicas simples, mas que exigem consciência, consistência e cadência.

17/3/2021

(Imagem: Arte Migalhas)

Uma das coisas que mais gosto no meu trabalho é o contato que tenho com as pessoas. Cada uma delas é única, têm um perfil diferente, carregam uma enorme diversidade de experiências e me ensinam muito em cada um dos nossos encontros.

Contudo, tenho notado um padrão comportamental muito comum entre os jovens profissionais, principalmente mulheres, e senti que falar sobre isso poderia ser útil para aqueles que estão enfrentando situações similares.

“Medo” e “ansiedade”. É exatamente dessa forma, usando essas palavras, que esses profissionais descrevem o que sentem no ambiente de trabalho.

Não estamos falando aqui de sentimentos constantes, que perduram durante todo o período de trabalho. Eles são desencadeados por gatilhos específicos, que geralmente envolvem tomadas de decisão, posicionamento de uma opinião ou atribuição de uma nova função ou responsabilidade.

Muitos advogados, principalmente quando estão ingressando no mercado de trabalho, não se sentem confiantes com suas próprias capacidades e habilidades, e mesmo tendo consciência de que são bons profissionais, sofrem com a invasão de sentimentos negativos que acabam dispersando seu foco e podem impactar em sua eficiência e produtividade.

Abaixo, falo sobre 5 situações narradas com certa frequência durante as sessões pelos coachees, e de que forma é possível lidar com elas no dia a dia:

1. Pensamentos Automáticos de Incompetência

É provável que você não perceba, mas existem pensamentos que insistem em cruzar nossa mente o tempo todo. Esses pensamentos são normalmente crenças que carregamos sobre alguém (nós mesmos) ou algo e que estão tão enraizadas que já não as percebemos em um nível consciente.

Quando se pegar duvidando de sua capacidade pare e pense no que está fazendo, traga esses pensamentos para um nível de consciência e se questione:

O que me levou a ter esses pensamentos?

O que eu estava sentindo naquele momento?

Esses pensamentos fazem sentido?  

(Normalmente não fazem, acredite!)

2. “Sinto que não tenho conhecimento técnico suficiente”

É aquela velha história, quanto mais aprendemos mais sentimos que precisamos aprender. Isso é normal. Nós aprendemos algo novo o tempo todo, principalmente no ambiente de trabalho. Não recuse trabalhos interessantes por achar que o que você sabe não é suficiente.

Um novo desafio, no mínimo, será um grande aprendizado para você e irá lhe capacitar para ir cada vez um pouco mais longe.  

3. “Não consigo falar NÃO para um colega de trabalho que me acessa o tempo todo”

Você tem seu escopo, você tem o seu trabalho, você tem SUAS prioridades. Ser cooperativo no trabalho é essencial, afinal, todos trabalham por um mesmo objetivo, mas se aquele seu colega te acessa a cada cinco minutos para pedir que assuma a responsabilidade por um trabalho que é dele, diga gentilmente que NÃO, que não poderá ajudá-lo naquele momento.

Pondere antes de priorizar a “não prioridade” dos outros.

4. “Não consigo reagir diante de uma situação desconfortável”

A reação é primitiva: quando nosso cérebro sente o perigo se aproximando, ele emite sinais para que o corpo reaja àquele estímulo de maneira rápida, e a primeira reação que nos vem à mente é sempre aquela para a qual estamos mais “treinados”, pode ser correr, gritar, ficar paralisado ou fingir-se de morto.

A questão é que, nesses momentos, a parte do nosso cérebro responsável pela cognição é preterida, por isso não conseguimos agir da forma como gostaríamos (e não conseguimos dar aquela resposta matadora que ficamos fantasiando por horas posteriormente).

Para que a paralisia não aconteça, antes de dar a sua resposta pratique-a até que sinta que ela lhe vem de forma natural.  

5. Razão x Emoção

Quando nos deixamos levar pela emoção dificilmente conseguimos chegar a qualquer conclusão mais racional. Quando perceber que aquele sentimento ruim está surgindo, pare, respire e tente entender por que está sentindo isso.

Saia do local onde estiver e faça uma pequena caminhada, se necessário. Questione-se. Deixe seu cérebro voltar ao estado racional antes de tomar qualquer atitude. Você, geralmente, só precisa de 5 minutos. 

Dedicar um pouco mais do nosso tempo ao desenvolvimento da nossa autoconsciência é cada vez mais importante. Entenda que isso não é ‘perda de tempo’, é um investimento em seu bem-estar e, consequentemente, em sua produtividade.

Ao invés de “queimar” aquela meia hora do seu dia encarando o feed do Instagram, se questionando por que sua vida não é maravilhosa ‘como a de Fulano’, pare para refletir sobre você, quem você é, qual sua bagagem, aonde quer chegar, o que valoriza, o que é importante PARA VOCÊ.

O autoconhecimento nos ajuda a parar de desperdiçar nosso tempo com questionamentos infundados e com medidores de vaidade, assim, é possível colocar todo o nosso foco no que realmente importa nesta jornada: nossa própria vida.  

Lúcia Choi
Advogada, executive coach, especialista em Inteligência Emocional, Desenvolvimento Comportamental e Neuroliderança.

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