Em um mundo globalizado, evidentemente, o capital também é globalizado. Assim, as operações financeiras de investidores que migram o capital de um país para o outro tornam-se natural.
As operações de "carry trade" ocorrem quando o investidor contrai empréstimos em uma nação, a juros baixos, e investe em outras economias a juros maiores. O lucro é obtido, justamente, da diferença apurada. Outra forma possível é realizar uma operação com posição vendida em moeda com taxa de juros mais baixa e outra comprada em moeda com juro mais alto. Além da diferença entre os juros, o investidor também lucra com a variação cambial implícita.
Quando maior a diferença de juros, consequentemente, mais rentável será o investimento.
No Brasil, os sucessivos cortes na taxa básica de juros (SELIC), promovidas pelo COPOM (Conselho de Política Monetária do Banco Central do Brasil), tornaram esta operação menos atrativa.
Outro fator a ser considerado é o enfraquecimento do real frente ao dólar, levando o Banco Central e promover leilões de dólares – à vista e futuro – na tentativa de frear o aumento na cotação do dólar.
O "carry trade" é uma operação de alto risco, em que pequenas oscilações desmotivam os investidores. Devem ser consideradas as diferenças cambiais e eventuais taxações tributárias, para a cobertura do risco.
Evidentemente que os fatores políticos também pesam na decisão do investidor. Todavia, aqui estão considerados apenas os fatores técnicos desta operação financeira.
No Brasil, o Banco Central vem reduzindo a Taxa Básica de Juros (SELIC) ao menor patamar histórico, chegando a 2,0% a.a. em 2020, ao passo que iniciou o ano de 2000 a 19% a.a., com pico de 26,5% a.a. em 2003.
Este movimento recente, de contínuas reduções, deixou de atrair o capital estrangeiro, pressionando o câmbio com a elevação do dólar frente ao real. Mesmo com a inflação dentro das projeções, a saída de capital mostra que o crescimento econômico ainda necessita de impulso.
O que se observa, portanto, é a contínua redução do capital estrangeiro, por meios das operações de "carry trade", diante da redução da taxa SELIC, por ser menos atrativa.