Antes de adentramos no assunto sobre reputação e danos produzidos pela fake news, é importante trazermos algumas definições.
Fama é uma condição concedida pelos meios de comunicação a determinadas pessoas, que recebem esse status – de pessoa famosa. O status de celebridade geralmente é associado à riqueza (fama e fortuna). As pessoas também podem se tornar celebridades devido à atenção da mídia ao seu estilo de vida, riqueza ou ações controversas, ou ainda por sua conexão com uma pessoa famosa, chamadas popularmente no Brasil como subcelebridades.
Trata-se, portanto, de um fenômeno produzido pela indústria cultural de cada país, gerado por interesses mercadológicos, com uma extensa equipe de profissionais nos bastidores.
Em uma sociedade cada vez mais virtual, o marketing digital é a principal ferramenta para manutenção e crescimento do status alcançado.
As redes sociais como Twitter e Instagram passaram a ser o principal meio de pulverização de conteúdos devido ao seu baixo custo e, principalmente, pela instantaneidade das informações geradas, trazendo o fã ou seguidor para a vivência da rotina de uma determinada celebridade, despertando a curiosidade das pessoas por seu estilo de vida.
Aproveitando-se desse interesse, os artistas divulgam em suas redes sociais, por meio de licenciamento, uma infinidade de negócios, seja produtos ou serviços.
Entretanto, o que ocorre quando o artista se depara com reações negativas nas redes sociais ou mesmo com fake news, termo utilizado para denominar informações e/ou notícias falsas que são publicadas sobre ele? Como fazer esse contingenciamento de crise? Como sua manter sua reputação intacta? Como manter os contratos publicitários?
Celebridades, naturalmente, têm sua privacidade mais reduzida se comparado a pessoas comuns (desconhecidas), até porque suas profissões as deixam mais sujeitas à exposição.
Ocorre que, como já mencionado anteriormente, o artista, além de sua reputação pessoal, é visto ao mercado como um produto e marca criado através do marketing construído por empatia com o fã, que tornar-se-á seu consumidor.
O gerenciamento da reputação da celebridade na internet
A instabilidade na carreira de um artista é algo normal, afinal ele, antes de ser artista, é uma pessoa como qualquer outra, sujeita a todas as intempéries da vida, como comentários ofensivos nas redes sociais, uso de entorpecentes, má interpretação acerca de posicionamentos religiosos, políticos, sexuais etc. Entretanto, o grau de dano poderá variar diretamente ao seu grau de exposição.
Como é dito dentro das redações de periódicos de fofoca, a imagem do sucesso é tão lucrativa quanto a do fracasso. E, um erro no contingenciamento dessa crise pode alavancar um prejuízo altíssimo.
Em relação às fake news, seus danos podem ser tão prejudiciais quanto a prática do fato realizada pelo artista. Apesar de ainda estar em trâmite no Congresso Nacional um projeto de lei de criminalização das fake news, a legislação já possui dispositivos que podem ser utilizados para buscar a condenação dos agentes praticantes.
Citamos como exemplo fato ocorrido em 2017, quando o criador da hashtag #CaetanoPedofilo, Flávio Morgenstern, pseudônimo de Flavio Azambuja Martins, foi condenado pela 9ª Câmara Cível do Rio de Janeiro a indenizar o músico Caetano Veloso em R$ 120 mil por disseminar acusações de pedofilia1.
O ambiente virtual ainda é visto por muitas pessoas como um ambiente informal, à margem da lei, permitindo aos indivíduos a criação de contas falsas com propósito de criar ofensas, cujo objetivo quase sempre é provocar danos na reputação das celebridades.
É inegável que certos danos às imagens das celebridades muitas vezes são irreversíveis, por isso é necessário promover medidas preventivas objetivando reduzir essas questões.
Acreditamos que, antes de um artista se lançar ao mercado como marca/ produto, é importante o alinhamento da melhor estratégia a ser adotada em relação aos profissionais de relações publicas, marketing e, claro, advogados especializados.
Afinal, a fama é um produto rentável.
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1- Justiça manda “hater” indenizar Caetano Veloso por acusação de pedofilia
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*Gabriel Leôncio Lima, advogado atuante na área de propriedade intelectual, com especialização em Tributação dos Negócios de Tecnologia e de Propriedade Intelectual e pós-graduado em Direito Empresarial, ambos pela FGV-SP. Atualmente é pós graduando em Propriedade Intelectual, Direito do Entretenimento, mídia e moda pela ESA-OAB/SP.