Muita coisa mudou com a pandemia. Eu sei, você sabe, o mundo percebeu. Mas a antecipação do avanço tecnológico, tão claro no judiciário, deve tomar conta dos certames públicos.
Para chegar a essa conclusão, basta empatia.
Imagine que você more em Cerejeiras – Rondônia. Então, você, bacharel em Direito e advogado há 5 anos, decide estudar para o concurso da magistratura. Um ano depois, sua primeira prova é marcada (edital publicado). Sabe onde? Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Claro, você terá que ir a Porto Alegre prestar a primeira etapa.
De Cerejeiras a Porto Velho, 11 horas. Depois, um voo para Brasília. Por fim, Brasília – Porto Alegre (se não houver duas escalas). Adicione, aos valores do combustível e das passagens, o custo da hospedagem de dois dias, uber, alimentação etc., tudo na capital gaúcha. Resultado, alguns dias fora de casa e três mil reais a menos (sendo otimista). Conclusão? Poucas pessoas podem fazer isso. O concurso acaba sendo elitista. O certame começa sua seleção pela capacidade financeira, e não intelectual.
Neste ano, algumas organizadoras começaram a realizar processo seletivo pela internet. É isso o que tem feito a Fuvest. O candidato acessa o sistema no momento da prova com a câmera do computador e o microfone ligados e começa a fazer o teste, ininterruptamente. Ele não pode sair da página e um fiscal está do outro lado acompanhando as dezenas ou centenas de imagens que focam nas faces dos candidatos (há o reconhecimento facial computadorizado). Resultado? Duas horas depois, fim. Economia gigantesca de tempo e dinheiro.
Claro, em certames que exigem 4 horas, não se pode proibir alguém de ir ao banheiro (nem a Fuvest proíbe). Então, que façamos duas baterias de duas horas, com intervalo de 15 minutos. Na primeiras duas horas, um bloco de matérias. Nas últimas duas, outro bloco. Resultado? 4 horas e 15 minutos depois, o candidato estará na sua casa ao custo de 0 reais.
Nós já temos tecnologia suficiente para evitar fraudes. Falta vontade. Precisamos tornar o acesso a cargos públicos mais democrático. Assim, vencerá o melhor, e não o melhor entre os mais abastados. Claro que existem histórias de indivíduos paupérrimos que viraram juízes. Mas eles são raros e prestaram provas nas suas cidades ou em outras com a ajuda de alguém. Nós queremos ajudar quem não tem ajuda, quem não pode sair de casa, mas quer sair da miséria. Os concursos devem ser online.
_________