No Brasil, os pequenos negócios representam mais de 90% do ambiente empresarial, empregam cerca de 50% dos trabalhadores com carteira assinada e representam mais de 27% do PIB do país. Caso seja adicionado os números da informalidade, esses dados chegam a índices impressionantes, os quais comprovam a importância dessas empresas para o país. Em contrapartida, as pequenas empresas são as que mais estão sofrendo com os efeitos decorrentes da crise instaurada pela pandemia do coronavírus, uma vez que muitas não tem recursos financeiros para suportar o período de lockdown e os seus acessos à créditos são restritos e onerosos.
Somado a isso, grande parte dessas empresas iniciaram e mantém os seus negócios sem apoio jurídico, negocial, econômico e contábil, o que acontece por falta de recursos ou compreensão histórica de que alguns desses serviços são reativos e só necessários quando da existência de um contratempo. Dessa forma, o enfrentamento estratégico de crises é quase nulo nesse ambiente e, no momento atual, o pensamento de 99% desses empresários são: vender, renegociar e manter o fluxo caixa.
Contudo, além dessas alternativas, há maneiras estratégicas e negociais que podem ajudar as empresas e, talvez, até tornar o negócio mais robusto, com menos custos e mais serviços ou produtos. Ou seja, muitas empresas, pela essência de seus setores, têm sinergias entre si – mesmo que não atuem em conjunto. A conexão dessas ocorre por causa dos consumidores, local, fornecedores, tipos de matéria-prima consumida, maquinário entre outras questões empresariais que fazem sentido para ambas.
Dessa forma, com a intenção de maximizar resultados, a união de esforços, seja através de uma aliança estratégica contratual temporária, fusão das empresas, venda ou compartilhamento de ambientes e colaboradores com o objetivo de reduzir custos, melhorar negociações, aprimorar tecnologias e alcance dos negócios pode ser a solução mais eficiente, lógica e atrativa para essas empresas, pois as tornará mais fortes.
Assim, é importante que os empresários compreendam que, além de renegociar e focar no caixa, existem estratégias negociais e societárias que podem trazer oportunidades muito interessantes para as empresas e até possibilitar a criação de um projeto mais robusto, eficiente e rentável.
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*Renan Boccacio é sócio do Boccacio Oliveira Advogados, mestrando em Direito Privado na UFRGS.