A grande diferença entre marketing jurídico e personal branding, é que enquanto a primeira fala sobre a venda, ou melhor propaganda de uma banca e dos respectivos serviços advocatícios, a segunda fala sobre o profissional individualizado. marketing jurídico, em caso de uma banca autônoma de somente um advogado pode se confundir com personal branding sim, contudo o personal branding sempre será algo individual, personalizado. Assim, o personal branding vai ser aquilo que ajudará o profissional a ser algo além de um número ativo na OAB, geralmente motivo de ser lembrado, seja nas rodas profissionais, círculos acadêmicos, e até mesmo por profissionais de outras áreas.
Originalmente nascido da proibição de advogados fazerem propagandas ostensivas, como se vê nos Estados Unidos, por exemplo, o personal branding jurídico consistia na contratação de assessoria de imprensa para que o advogado pudesse opinar sobre temas de base legal, e assim expor seu nome e passar a ser conhecido, e logo, contratado. Esse tipo de exposição passou a ser cada vez mais regulada, de forma que novas formas de exposição, eventos, cafés da manhã e grupos de trabalho passaram a ganhar mais e mais espaço e oportunidades, e com isso os profissionais foram se diferenciando e descobrindo novas aptidões, que é justamente quando o personal branding ganha força no mundo jurídico no Brasil.
Curioso que os advogados à princípio resistiam em juntar a veia jurídica com alguma outra competência fora da área, e aqueles que assim fizeram, foram pioneiros no que deixou de ser exceção e se torna cada vez mais regra. Alguns exemplos, dos quais certamente um ou outro será conhecido do grande público: a advogada que antes havia sido programadora e se tornou pioneira no direito digital, o advogado que havia sido condecorado Cavaleiro da Rainha da Inglaterra e com isso virou a porta de entrada de clientes internacionais no Brasil, ou até caso de um estagiário que proferiu seu amor ao time de futebol em sua primeira entrevista no segundo ano da faculdade e continuou até ser sócio da banca: são muitos os casos, singelos até, que explicam como o personal branding afetou o desenvolvimento das carreiras jurídicas.
A verdade é que com o declínio – ou ao menos relativização – das carreiras tradicionais (e o Direito é uma das mais tradicionais de todas ao lado da Engenharia e da Medicina), o advogado 4.0 precisa saber trabalhar suas habilidades e competências não jurídicas, que os profissionais de RH batizaram de softskills, ou seja, tudo aquilo que não é da área de competência técnica. E como trabalhar softskills e, mais do que isso, fazerem eles servirem como para construção personal branding? Simples. Basta achar aquilo que se gosta de fazer e dá prazer. Por mais que se diga que se deve escolher a profissão baseado naquilo que se gosta, a verdade é que muitos seguem determinada profissão por acreditar que serão mais bem-sucedidos, ou pela velha e não tão boa pressão da família.
Então, o segredo para se trabalhar o personal branding é justamente ser, na medida que as ambições profissionais permitem, o mais próximo daquilo que já é: seja na linguagem, seja na vestimenta, na forma de ser e de se expressar, trazendo mais do pessoal para a rotina profissional. Isso certamente ajudará na construção de um personal branding eficiente e que direcione o profissional para uma carreira mais feliz, logo, mais bem sucedida e sem as gravatas mentais. Desengravate-se!
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*Benedito Villela é gestor jurídico, professor e palestrante