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Djaci Falcão - Centenário

Djaci teve uma vida profissional, e humana digna de exaltação e lembrança.

5/8/2019

Comemorou-se no dia 4 de agosto passado o centenário de Djaci Falcão. Foi um consagrado magistrado de carreira, desde 1944 como juiz substituto da comarca de Serrita, Pernambuco (a 530 quilômetros de Recife), naquela época levava cinco dias de caminhão, em estradas precárias, até presidente do Supremo Tribunal, onde ficou 22 anos. Consagrou-se, assim como o juiz de todos os pontos e comarcas, ainda passando pela presidência do Tribunal de Justiça e TRE de Pernambuco, e em Brasília, a presidência do TSE.

O STJ prestou homenagem pela sua morte aos 92 anos, na sessão de 1º de fevereiro de 2012, e em nome dos advogados presentes acentuei grandes qualidades da vida de Djaci Falcão – cordialidade, independência, coragem cívica.

Pessoa simples e afável, acolhia os advogados com respeito e liberdade. Ser humano, grande amigo dos amigos, grande líder entre seus colegas do STF, não por imposição ou arrogância, mas a todos cativava.

Independente nas suas posições, e diretrizes. O grande escritor Caio Prado Junior foi processado, porque seu nome estava na caderneta da líder comunista Luiz Carlos Prestes. O processo chegou ao STF, e Djaci, como relator, o absolveu (no auge do regime militar).

Quando faleceu o presidente Juscelino Kubistschek, o governo da época, recusava-se a dar as honras militares ao ex-presidente, e até evitar a cerimônia fúnebre do velório. Djaci, então presidente do STF, compareceu, e aparece nas fotografias históricas, ao lado do caixão.

Quando foram aposentados os três ministros do STF (Hermes Lima, Victor Nunes Leal e Evandro Lins em 1969), Djaci foi o primeiro a visitar esses atingidos, ato de alta periculosidade naquela época.

Djaci teve uma vida profissional, e humana digna de exaltação e lembrança.

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*Roberto Rosas é sócio do escritório Rosas Advogados.

 

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