Neste dia 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, uma data importante para relembrarmos as conquistas e lutas das mulheres, os avanços que fizemos e os desafios e lutas que ainda temos pela frente. Também é o momento perfeito para homenagearmos as mulheres pioneiras que abriram o caminho para tantas outras e servem de inspiração a todas nós.
Nossa homenageada ocupa a posição incomum de tradutora e traduzida, sendo mais conhecida por seu trabalho como escritora apesar de ter contribuído de forma prolífica com a tradução de obras estrangeiras no Brasil.
Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza em 17 de novembro de 1910, e foi uma importante jornalista, romancista, cronista, teatróloga e tradutora brasileira. Também foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, sendo eleita em 4 de agosto de 1977 por 23 votos a 15.
Em 2002, em entrevista a Hermes Nery, a escritora afirmou, sobre seu ingresso na Academia Brasileira de Letras, que: “A vitória da minha candidatura representou a quebra de um tabu. Neste sentido me senti satisfeita, porque vivi a vida inteira na luta contra os formalismos, as convenções, os tabus e os preconceitos”.
Sua principal obra foi escrita quando tinha apenas dezenove anos de idade. “O Quinze” narrou de forma pioneira a grande seca de 1915 no Ceará e a luta contra a miséria. O livro foi traduzido para o alemão, francês e espanhol. “Memorial de Maria Moura”, “As Três Marias” e “João Miguel”, outras três obras suas, também foram traduzidas no exterior.
Além de sua contribuição como escritora, merece destaque também o trabalho de Rachel de Queiroz como tradutora. Ela traduziu mais de 50 obras literárias do inglês e do francês, além de outras línguas de forma indireta.
Dentre essas obras, podemos destacar importantes escritores como Fiódor Dostoiévski, Emily Brönte, Jane Austen e Jules Verne. Também traduziu biografias e memórias, como as de Charles Chaplin, Leon Tolstói e Alexandre Dumas. A maioria das suas traduções foi realizada na década de 40, quando chegou a traduzir 33 livros. Durante esses anos, a escritora que virou tradutora viveu quase que exclusivamente da tradução, trabalhava regularmente de oito a dez horas por dia e emendava um livro no outro. Sobre essa época, Rachel disse ter contratado uma datilógrafa para escrever enquanto ela ditava, tão rápida era a sua produção.
Sobre o ofício, a autora disse: “Eu lembro que na época em que traduzia, eu me sentia como se estivesse desmanchando a costura, desmanchando o crochê de certos escritores, descobrindo os pontos, os truques prediletos deles.”
Escritora, mulher e sertaneja, Rachel de Queiroz está imortalizada em seus romances, suas crônicas, suas traduções e todas as suas contribuições.
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*Laís Lewicki é colaboradora da Aliança Traduções.