Migalhas de Peso

Precisamos desconectar

Registramos a ânsia por uma ilusória realidade, que se resume nas fotos que postamos em nossas redes sociais, mesmo que, para isto, estejamos debaixo de chuva, utilizando um sinal de wifi grátis ou disputando uma tomada precária, sentados no chão. Precisamos urgentemente nos desconectar!

18/2/2019

Um estudo recente da Universidade Estadual de São Francisco, na Califórnia (EUA), apontou que interagimos, em média, 2.617 vezes por dia com nossos smartphones. Isso quer dizer que gastamos, diariamente, em torno de 2 horas e 25 minutos tocando, rolando, pressionando e utilizando nossos celulares.

A dependência de alguns em relação ao celular é tão grande, que a distância pode gerar a sensação de nomofobia (pavor de estar longe do aparelho), além do vício que já preocupa médicos e psicólogos, pois, para alguns especialistas, existe uma ligação direta entre dependência tecnológica e depressão.

É curiosa a mudança das relações humanas com o avanço da tecnologia, pois, antigamente, o momento de distração era quando se chegava em casa, ligava-se o computador e interagia com seus amigos.

Hoje, vivemos conectados e interagindo a todo instante, e o tão desejado lazer, ironicamente, é o período em que nos afastamos do celular e do computador (por opção ou porque estamos em um local sem sinal de telefonia móvel).

Esta grande mudança gerou necessidades estranhas e absurdas, como a de sempre estar com a bateria carregada de seu smartphone. A falta de carga gera um desesperado incontrolável, pois o sentimento é de “banimento social” e de isolamento absoluto.

Portanto, hoje, testemunhamos a necessidade de se ter este “elemento essencial à vida”, que denominamos bateria, tornando-nos reféns das tomadas, das baterias externas e dos cabos de conexão.

Por outro lado, a cooperação na busca pela conexão é cada vez mais comum: como no compartilhamento da senha do wifi, da rede 4G, além do revezamento das tomadas que utilizamos para alimentar nossos celulares, nos fundos do salão.

Por fim, registramos a ânsia por uma ilusória realidade, que se resume nas fotos que postamos em nossas redes sociais, mesmo que, para isto, estejamos debaixo de chuva, utilizando um sinal de wifi grátis ou disputando uma tomada precária, sentados no chão. Precisamos urgentemente nos desconectar!

__________

*Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso é advogado criminalista do escritório D'Urso e Borges Advogados Associados, especialista em Cibercrimes, coordenador e professor do curso de Direito Digital e Cibercrimes da FMU, presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da ABRACRIM, pós-graduado pela Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha) e pela Faculdade de Direito de Coimbra (Portugal).

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

Alterações no CC com a vigência da nova lei 14.905/24: A taxa de juros Selic se aplica em todos processos em curso?

25/9/2024

Pejotização fraudulenta e competência da Justiça do Trabalho: Um precedente importante da 7ª turma do TRT-1

25/9/2024

CNJ autoriza inventário e divórcio extrajudicial mesmo com herdeiros menores ou incapazes

24/9/2024

Lei 14.973/2024: Um novo capítulo na regularização patrimonial e fiscal no Brasil

24/9/2024

Exclusão extrajudicial de sócio na sociedade limitada

25/9/2024