No dia 12 de dezembro foi inaugurado o Instituto Ives Gandra de Direito, Filosofia e Economia. Sua gênese acompanha o relevante momento histórico do país, que vem lutando bravamente pela consolidação do Estado Democrático de Direito e necessita preparar novas gerações que possam conduzir a nação de forma ética, a partir de uma séria e profunda formação acadêmica. Do mesmo modo que entidades como o valoroso Instituto Ayrton Senna não poupa esforços para dedicar-se à promover a alfabetização e o aprendizado, o Instituto Ives Gandra terá como foco o fomento do pensamento produtivo, substituindo a doutrinação pela reflexão, para que os alunos e profissionais estudem e pensem por conta própria - e não a partir de uma pré-concepção - para que possam encontrar novas soluções e caminhos para a consecução de uma ordem social justa, já que, como afirmava o professor Lon Fuller: “injustiças se fazem, não com os punhos, mas com os cotovelos”.
Como o Direito, essa iniciativa nasceu com a vida. Por um lado, a promoção de grupos de estudos de Filosofia do Direito realizados periodicamente na Advocacia Gandra Martins, com a presença de alunos de diferentes universidades, em apertado horário de almoço foi aumentando, e comprovando ao mesmo tempo, como não se pode subestimar sua capacidade de aprofundar em temas mais abrangentes, bem como em seu desejo de atingir uma verdadeira excelência profissional. Buscando encontrar também uma maneira de poder contabilizar as horas dispendidas em debates como complementares para os estudos acadêmicos, veio ao encontro a sugestão do desembargador Ney Prado - hoje um dos presidentes eméritos do Instituto, junto com o professor Humberto Ávila e o ministro Ives Gandra Martins Filho do TST - para que “institucionalizássemos” a vida, obra, acervo e exemplo do dr. Ives Gandra da Silva Martins, que a seu ver, é uma pessoa jurídica, não física.
À revelia do pai, que se resistia à ideia, reunidos os irmãos que frequentaram os mesmo bancos que seus pais, no largo de São Francisco e se entusiasmaram, abraçando a causa da justiça desde as conversas à mesa, decidiu-se - acompanhados de outros jovens profissionais que já participavam das reuniões com assiduidade e muito interesse - formalizar o Instituto que traçou como objetivos básicos “promover ampla formação acadêmica no campo do Direito, da Filosofia, da Economia e de áreas afins, através de palestras, cursos de extensão, grupos de estudos, núcleos de pesquisa, eventos, projetos sociais e atividades complementares destinadas a estudantes e profissionais, para fomentar a reflexão e a consecução de uma ordem social ética e justa”.
Além do filho, Rogerio Lindenmeyer Vidal Gandra da Silva Martins, que será responsável pelo núcleo de Direito Tributário, são sócios fundadores e diretores acadêmicos, Ana Claudia Karam, diretora do CEU LAW SCHOOL; Gustavo Albrecht e Maria Claudia Prado, jovens advogados, e Ana Luiza Rodrigues Braga, doutoranda em Filosofia do Direito na USP.
Serão bem-vindos ao Instituto todos os que compartilhem seu ideal e desejem trabalhar por seus fins, em serviço do país. Ato seguido, profissionais e estudantes já requisitaram o ingresso. Assinou-se também um convênio com o CEU LAW SCHOOL, fundado há 45 anos pelo dr. Ives, que em suas palavras tem como meta: “aliar a melhor formação técnica com a melhor qualificação ética”. Nesse sentido, o Instituto guarda afinidade com a escola, alinhada analogamente pela origem da inspiração. Sua “logo” - picos nevados - atesta o desejo de que os debates intelectuais bem orientados a partir de sua retidão ética, ao degelarem podem irrigar os vales de forma a construir uma sociedade humana e efetivamente mais feliz, o que vemos fundamental para o estágio em que nos encontramos na luta travada contra a corrupção institucional.
Por fim, a tarefa parece-nos não só de justiça filial, mas geral, por destacar a busca da verdade a partir de um modelo coerente que vem gastando sua vida - que desejamos ainda celebrar por muitos anos! - de “forma superlativa”, em missão pela nação. Nesse sentido, institucionalizar o nome significará de alguma forma, perpetuar a história já que - parafraseando Rafael Llano, da Academia Brasileira de Filosofia -, há recordações e vivências que não podem perder-se na névoa do tempo e que não devemos guardar apenas para nós: é necessário que outros aproveitem as lições.
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