Migalhas de Peso

O impacto da Inteligência Artificial na advocacia

A Inteligência artificial na área jurídica avança de modo impressionante de forma a garantir precisão e eficácia sempre alinhado com o uso da tecnologia.

6/4/2018

"A tecnologia tornou possível a existência de grandes populações. Grandes populações agora tornam a tecnologia indispensável". O pensamento do escritor americano Joseph Wood Krutch (1893-1970) é uma síntese de como a tecnologia é indispensável no mundo de hoje.

É indispensável também refletirmos sobre o impacto da Inteligência Artificial na advocacia.

Nesse artigo vamos demonstrar o quanto a Inteligência Artificial está configurada para mudar tudo.

Até o olhar mais desavisado é capaz de vislumbrar como nos próximos anos a Inteligência Artificial irá transformar todos os aspectos do mundo jurídico. É preciso que os advogados reconheçam o impacto dessa tecnologia e também compreendam a enorme oportunidade que a Inteligência Artificial na advocacia apresenta.

Antes de aprofundar mais na aplicação da Inteligência Artificial na advocacia, vamos rapidamente expor o conceito dessa tecnologia.

 

Conceito da Inteligência Artificial

Quando se fala em Inteligência Artificial estamos nos referindo a uma área da ciência da computação que trabalha com a elaboração de sistemas que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas, ou seja, ter a total capacidade de ser inteligente.

Na década de 40 surgiram as primeiras pesquisas na área com objetivo de encontrar novas funcionalidades para o computador, ainda em projeto. Durante a II Guerra Mundial, essa necessidade é ampliada por conta do impulsionamento da indústria bélica.

O conceito mais claro sobre essa tecnologia caracteriza a Inteligência Artificial como uma série de algoritmos matemáticos ou estatísticos que permitem que máquinas desenvolvam raciocínios aproximados ao raciocínio humano para determinadas atividades.

Além disso há o desenvolvimento de processamento e cognição semântica, que permite, por exemplo, que uma máquina consiga interpretar mensagens de um texto, e reajam a imagens.

Também existem algoritmos que permitem o aprendizado por meio de um histórico de decisões, seja com a supervisão de humanos ou por análise estatística.

 

A Inteligência Artificial na advocacia é revolucionária

Acreditar que a Inteligência artificial não mudará a advocacia e o meio jurídico é um equívoco.

Essa tecnologia vai sim acelerará algumas coisas, como a automação de processos e algumas tarefas que hoje os softwares disponíveis no mercado ainda não conseguem gerenciar.

No entanto precisamos esclarecer que a Inteligência Artificial não vai apenas sistematizar as informações e auxiliar na organização da rotina do advogado.

A Inteligência Artificial na advocacia vai trazer funcionalidades voltadas para tornar a gestão de processos mais eficiente e o exercício da profissão mais assertiva.

O poder real da Inteligência Artificial na advocacia reside na sua criatividade. Não estamos aqui tratando apenas de automações de tarefas.

A Inteligência Artificial não está relacionada à nossa capacidade de dizer o que fazer, mas de seu poder para nos pontar como fazer de forma assertiva.

Como isso funcionará na prática? No futuro, a Inteligência Artificial irá sugerir novas ideias e novas formas de atuação a serem consideradas pelos profissionais da área jurídica.

Exemplo prático: A Inteligência Artificial, depois de coletar, sintetizar e analisar informações sobre Direito corporativo, pode sugerir novas estruturas corporativas mais eficientes em termos de impostos.

 

Essa tecnologia é realmente inteligente?

Como isso é possível? Como os computadores podem sugerir ideias totalmente originais? Ideias que nunca foram vistas antes?

Isso porque a verdadeira Inteligência Artificial não apenas simula o comportamento humano – ele aprende com esse comportamento e aplica essas lições em novos contextos. Quando aplica essas lições em novos cenários, o poder da AI pode realmente nos surpreender.

Ao longo dos últimos anos, o DeepMind da Google vem desenvolvendo o computador AlphaGo, uma peça altamente avançada de Inteligência Artificial, para jogar Go, um difícil jogo chinês de tabuleiro de estratégia.

No ano passado, o AI jogou contra Lee Sedol, considerados um dos melhores jogadores do mundo.

 

Surpreendente

O computador não só ganhou uma série de jogos, como foi ainda mais notável ao realizar um movimento usado que tinha chance de 1 em 10 mil de ser feita por um humano.

O movimento foi um choque porque, embora o AlphaGo tenha sido treinado em milhões de jogos, esse movimento foi totalmente único – ninguém já jogou esse movimento antes, ou qualquer coisa assim.

AlphaGo de alguma forma transcendeu seus materiais de origem para descobrir algo novo e único.

Como foi feito isso? Embora o AlphaGo tivesse treinado em jogos históricos, os desenvolvedores do Google criaram ele para jogar contra si mesmo, uma e outra vez.

Isso permitiu não só aplicar as lições aprendidas de analisar esses milhões de jogos, mas também aplicá-los em novos contextos e aprender ainda mais coisas.

 

As lições que podemos aplicar na advocacia

Assim como um computador com Inteligência Artificial tem o potencial de nos surpreender com jogadas únicas, também tem de aplicar estratégias no mundo jurídico.

O movimento surpreendente do AlphaGo foi possível porque ele teve material de origem para aprender.

E esta é a parte faltante que permitirá que a Inteligência Artificial eleve o universo jurídico ao próximo nível.

Atualmente, a Inteligência Artificial na advocacia não possui informações suficientes para aprender.

Essa tecnologia precisa ser capaz de ver, assistir e aprender como os advogados usam e aplicam seus conhecimentos.

 

No entanto a metade da batalha já está ganha.

A Inteligência Artificial já pode acessar, organizar e sintetizar legislação primária. Sabe o que é a lei – mas ainda não sabe como aplicar essa lei.

Ao criar uma nova plataforma onde os advogados, seus clientes e reguladores possam discutir, anotar, debater, fazer perguntas, fornecer respostas e, em geral, falar sobre legislação, será uma forma de criar uma camada social de dados em cima da documentação jurídica.

São esses dados sociais com os quais a Inteligência Artificial poderá usar para aprender: não apenas entendendo o que a lei diz, mas como é aplicada.

A Inteligência Artificial na advocacia será uma transformação.

Em breve softwares irão além da automação de processos e, em vez disso, sugerir ativamente novas ideias e fornecer orientação sobre a interpretação e aplicação de leis.

Os benefícios para escritórios de advocacia são claros: novas ideias, abordagens e metodologias para clientes.

 

O impacto da Inteligência Artificial na advocacia apresenta novos caminhos

Todo profissional do Direito sabe o quando é importante previsão legal, já que esta ferramenta permite antever alguns tidos de situações por meio do provável resultado dos processos pendentes, além de avaliar os riscos das ações e estimativas sobre as sentenças.

Observa-se que há processos que se baseiam em inúmeras leis e fatos que serão julgados pelos tribunais.

Para atingir o resultado esperado os advogados somam seus conhecimentos técnicos sobre a Legislação, suas experiências, raciocínio logico, intuição e outras habilidades.

 

Algoritmos

Os novos caminhos que se apresentam com o uso da Inteligência Artificial na advocacia vão justamente ao encontro dessa capacidade de avaliar as previsões legais.

Os algoritmos possibilitam a realização de previsões de resultados por meio de dados armazenados.

De maneira prática, as previsões resultantes das análises dos algoritmos vão ofertar aos advogados informações baseadas em históricos e dados confiáveis, deixando assim o profissional ainda mais próximo do êxito pretendido.

_________________

*Marcos Aurélio Silva é analista de produção de conteúdo da Aviso Urgente.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024