Migalhas de Peso

Estagiários da terceira / melhor idade

Com o aumento da expectativa de vida dos homens para mais de 80 e das mulheres para 90 anos, como fica a vida destas pessoas que provavelmente se aposentaram ao redor dos 55 anos?

14/7/2006

 

Estagiários da terceira / melhor idade

 

Sylvia Romano*

 

Com o aumento da expectativa de vida dos homens para mais de 80 e das mulheres para 90 anos, como fica a vida destas pessoas que provavelmente se aposentaram ao redor dos 55 anos?

 

Com certeza a aposentadoria oficial do INSS não permitirá um padrão de vida, no mínimo, digno. Exemplos recentes de aposentadoria complementar - como o AERUS, fundo de pensão da Varig - estão ai para desencorajar quem pretendia passar o último período da vida mais tranqüilo.

 

A volta ao mercado de trabalho formal dos que já se aposentaram fica cada vez mais difícil perante a concorrência do mais jovem, que se sujeita a um salário menor e que, na maioria das vezes, está mais atualizado em termos de formação acadêmica e tecnologia, tendo ainda como fortes aliados sua juventude, disposição, garra, inovação, entre outros predicados.

 

Sabemos que na relação capital X trabalho, os impostos e as obrigações trabalhistas são um grande peso, tanto para o empregador, como para o empregado. Um ponto positivo para o colaborador com idade mais avançada é que as suas necessidades e interesses neste período da vida são bem menores, o que lhes permite aceitar um salário mais condizente para o empregador em tempos de crise, uma realidade permanente nos dias de hoje.

 

O profissional de mais idade tem também a seu favor uma experiência de vida muito maior, uma estabilidade emocional e, principalmente, suas inseguranças estão mais bem resolvidas. Seus filhos, por exemplo, já estão criados e cuidando de suas vidas, a competição profissional perdeu-se no passado, mas a realização pessoal de sentir-se útil e produtivo, juntamente com a questão econômica, é sem dúvida o foco principal do momento.

 

Por que essas duas gerações em vez de concorrentes não se tornam cooperadores mútuos, combinando inovação com experiência? O que impede o aposentado com tantos atributos se encaixar no mercado de trabalho?

 

 

 

Sem dúvida, a ausência de conscientização do empresariado sobre esta força de trabalho disponível é um dos fatores. Por outro lado, o comodismo e o despreparo desse mesmo profissional para o período pós-aposentadoria acabam reduzindo as já ínfimas oportunidades existentes. De fato, se o aposentado deseja voltar ao mercado, é imprescindível que ele busque permanentemente uma atualização frente às novas ferramentas de trabalho.

 

Outra providência necessária é a flexibilização das leis no que diz respeito à relação capital X trabalho para colaboradores pós-aposentados. A redução de impostos e da jornada de trabalho e a criação, inclusive, de incentivos aos empregadores que se utilizam destes funcionários poderiam ajudar a reverter o atual quadro de aposentados desempregados.

 

Não sugiro um regime de “cotas” para idosos, mas um sistema diferenciado, no molde dos estágios, destinado à terceira / melhor idade.

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados


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