Migalhas de Peso

O que o mercado espera do advogado moderno

O advogado moderno, para se destacar no mercado, precisa não só de tecnologia. Ele tem que estar preparado para assumir os desafios que os recursos tecnológicos trazem à essa profissão.

22/9/2017

Gestão e software são dois assuntos que, até pouco tempo atrás, ficavam restritos a escritórios de advocacia de grande porte. Ouso dizer que, há cerca de uma década, muita coisa mudou no mundo do Direito, no que se refere a enxergar o escritório como um negócio, passível de ser gerenciado com métodos, processos e sistemas.

Tanto que o Astrea, o software de gestão jurídica da Aurum, não para de ganhar adeptos. Desde que foi lançado, no final de 2013, já conta com mais de 3.200 usuários. Estou há 20 anos no mercado de tecnologia específica para esse setor. Acompanhei de perto a evolução do advogado na busca e utilização de recursos que o tornaram, digamos assim, um advogado moderno.

Recentemente, fizemos um levantamento para entender o perfil desse profissional. Vimos que ele se mantém atualizado, no que diz respeito ao uso de tecnologias, seja para ficar informado ou gerir seu escritório – 87% dos respondentes dizem ter boa relação com a tecnologia e 63% afirmam já ter utilizado algum software jurídico.

Os recursos mais utilizados por eles são e-mail, seguido por redes sociais e sites e aplicativos de bancos. Também foram citados o GPS, streaming de vídeo, aplicativos de serviços de transporte, softwares jurídicos (com o Astrea em evidência), sites e aplicativos de viagem, streaming de música e, por último, a agenda online.

Entendo que uma das grandes vantagens do uso das tecnologias é que elas acabam exigindo uma mudança de comportamento que, por sua vez, potencializa o perfil desse advogado moderno.

Para começar, a tecnologia promoveu um ambiente virtual que facilitou a comunicação do advogado com seus clientes. São inúmeros os canais disponíveis para o diálogo e troca de informações (WhatsApp, redes sociais, e-mail, SMS, Skype, Hangout, Google Drive, Dropbox...).

Comunicação virou sinônimo de aproximação. Cada vez mais perto do cliente, o advogado moderno precisa se livrar do "juridiquês" e falar "a língua" do cliente, traduzir o Direito, ser claro e procurar sempre ir direto ao ponto. Estamos falando de um profissional com perfil mais flexível e disposto a investir na construção das relações com seus clientes e outros stakeholders.

Relacionamentos consistentes criam elos de confiança, atributo que, na minha opinião, é o primeiro que o advogado moderno deve transparecer ao mercado. O momento político do Brasil gerou uma crise de desconfiança dentro das organizações. E a área jurídica é uma das mais afetadas por esse cenário. Portanto, advogado de confiança vale ouro.

Com mais diálogo e mais confiança permeando as relações, os advogados também ganharam terreno para atuarem cada vez mais como consultores, ajudando clientes a tomarem decisões que envolvem riscos nos seus negócios ou processos. Essa atuação do advogado moderno o leva, inclusive, a se aprofundar em áreas específicas do Direito. Para aconselhar, há que se garantir muito conhecimento técnico. Justamente, por isso, escritórios de menor porte tendem a formar uma rede de parceiros especialistas para atender seus clientes em diferentes frentes legais.

Como se vê, o advogado moderno, para se destacar no mercado, precisa não só de tecnologia. Ele tem que estar preparado para assumir os desafios que os recursos tecnológicos trazem à essa profissão. Ser um advogado moderno é uma questão de atitude, de estar disposto a adotar uma nova abordagem do Direito que prioriza relações, transparência e, claro, eficiência.
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*Antonio Gerassi Neto é co-fundador e CEO da Aurum. Formado em ciência da computação pelo ITA, tem mais de 20 anos de experiência no desenvolvimento de softwares para o setor jurídico.

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