Tributo aos românticos, no dia dos namorados
Jayme Vita Roso*
- Dick Farney, quanta saudade !
Por tê-lo conhecido, ainda menino, quando, por volta de 1945, trocava o Brasil pelos States, aqui já consagrado com a bucólica Copacabana, de autoria dos celebrados João de Barros e Alberto, com a doce Marina, de Caymmi, ou a introspectiva canção Ser ou Não Ser, evoco sua decisão de não ser mais crooner no saudoso Cassino da Urca, para aventurar. Seu ídolo era o controvertido Dave Brubeck, que sincopava o jazz da época, eternizado em Take it five.
Farnésio Dutra e Silva, como fora batizado, já na terra de Tio Sam, era um sucesso garantido, porque, sobre ser um cantor melodioso, dominando a língua e, com seu charme, garantiu posição de destaque, tanto em programas da NBC, em Nova York, como no mundo artístico. Dele a gravação clássica Tenderly, a primeira vocalizada, com um sucesso enorme nas Américas e na Europa.
Volta ao Brasil. Não podia ficar longe do seu Rio de Janeiro, à época um paraíso para viver e, sobretudo, namorar. E, no início dos anos 50, não havia um bailinho onde, ao som de Uma Loura, Somos Dois, A Saudades Mata a gente, Ninguém como Tu, garotos engravatados não tirassem as meninas e, com os olhos fechadinhos, check to check, rodavam pelo salão. Quando não eram os 78 rotações, em reuniões, onde sobravam guaraná e sanduíche, sob os olhos do dono da casa, que velava pelo nosso bom comportamento, era o Circulo Israelita, atrás o Teatro Municipal e vizinho do celebérrimo Hotel Esplanada (hoje, teria dez estrelas).
Farney, depois, sofrendo influência do ultra-romântico Bing Crosby, encontrou em Lúcio Alves um parceiro do mesmo perfil e com o mesmo sentimento. Lúcio fez, em torno de 1947, uma versão de uma música que, à época, serviu de pano de fundo para um filme de Walt Disney. Quando ouço a música, Solidão, não contenho a saudosa, muito saudosa recordação.
Casado com uma ex-comissária, Dick gravou Aeromoça, em homenagem à mulher que tanto amou, seguindo-se-lhe as apreciadas, aplaudidas e celebradas, Nick Bar (reinado da boêmia paulista), Teresa da Praia, dos geniais Tom Jobim e Billy Blanco, gravada com Lúcio, além de Uma Loura (quem não teve uma? – é o mote), a Saudade Mata a Gente, Esse seu Olhar, também de Jobim, aliás, uma das suas primeiras canções, Ponto Final, Perdida de Amor, Se Todos Fossem Iguais a Você e outras maiores que se inscrevem no glorioso cancioneiro romântico do país.
Pois é, quem desejar comprar o CD desse espetáculo, gravado ao vivo, poderá tê-lo masterizado, com ótimo som: “No Palco – Dick Farney”, da produtora fonográfica Intercd Gravações e Edições Musiciais Ltda.. Comprei-o por R$ 11,00. Com algumas flores, dá para uma data romântica esplêndida e adequada aos bolsos dos(as) jovens advogados(as). Aproveitem. Depois, informem Migalhas do resultado.
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*Advogado do escritório Jayme Vita Roso Advogados e Consultores Jurídicos
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