Migalhas de Peso

Networking para advogados – Como enfrentar este bicho de sete cabeças?

Qualquer que seja o motivo de seu medo, ele pode ser um tanto quanto difícil de ser superado, se não for devidamente enfrentado.

15/3/2017

Como você se sai ao ir a um evento jurídico, seminário, congresso ou qualquer outro? Você transita facilmente entre os seus colegas? Ou chega e vai aos pouquinhos se sentindo confortável, obtendo, ao final, bons resultados e contatos? Ou você é daqueles que se coloca em um canto sem saber muito o que fazer e sai de lá sem trocar nenhuma palavra, tão calado como entrou?

Para muitas pessoas, fazer networking é pior do que ver uma assombração. Isso pode ser porque são introspectivas, introvertidas, com baixa autoconfiança, tímidas, presas a experiências anteriores negativas ou, simplesmente, porque ainda não estão acostumadas com este tipo de situação. Qualquer que seja o motivo de seu medo, ele pode ser um tanto quanto difícil de ser superado, se não for devidamente enfrentado.

Por outro lado, a boa notícia é que nenhum de nós nasce com um talento natural para fazê-lo, mesmo as pessoas que realmente gostam disso. Networking não é uma habilidade "inata", mas é uma que qualquer pessoa pode aprender. Você não tem que ser a pessoa mais falante do mundo ou aquela que tem imensa facilidade para se comunicar. O importante é usar as estratégias corretas. E como esta habilidade pode ajudar e muito o operador do Direito no desenvolvimento da sua carreira, é disso que iremos tratar aqui.

1. Seja seletivo

Nem todos os eventos são igualmente interessantes para se participar. Assim como também não é necessário fazer networking com todos aqueles que estejam lá. Ao invés disso, concentre-se em encontrar as pessoas, no momento e lugar certos e discutir questões que sejam realmente importantes para você. Se o seu foco é buscar novos clientes pessoas jurídicas, um evento frequentado também por diretores jurídicos de empresas é muito mais importante do que aquele que seja voltado somente para advogados de escritórios de advocacia.

2. Faça o seu dever de casa

Tente obter uma lista de participantes antes do evento. Desta forma, você pode se concentrar nas pessoas que mais quer conhecer, pesquisar seus interesses e um pouco mais sobre suas carreiras. Você pode até mesmo se conectar com elas antes pelo LinkedIn, por exemplo, e já marcar um encontro no dia.

Ter este pequeno grau de contato anterior com as pessoas do seu interesse pode fazer com que a aproximação seja menos constrangedora e você se sinta muito melhor no momento que tiver que realizá-la.

3. Estabeleça metas

Defina um ou dois objetivos realistas com uma visão clara do que você quer alcançar. Você pode querer falar com uma pessoa em particular, fazer uma ou duas conexões significativas que venham a ser úteis nos próximos meses.

Não seja muito ambicioso no início. Lembre-se que você não precisa apertar a mão de cada uma das pessoas que estão por lá e nem ficar, necessariamente, até o final. Se o seu foco era apenas networking e você já fez contato com as pessoas com quem havia se proposto a conversar, pode ir embora na sequência com a sensação de dever cumprido.

4. Planeje alguns pontos da conversa

Muitas pessoas se preocupam em como começar uma conversa. Contudo, ainda que você não possa planejar como será o diálogo inteiro, é possível preparar algumas perguntas e tentar memorizar uma forma de dar início a ele, para que você não acabe de pé, paralisado e em silêncio ao lado de alguém.

Tenha sempre em mente um início mais informal para quebrar o gelo, como, por exemplo: "O que o traz aqui?" ou "o que achou da última palestra?". E não se esqueça de se apresentar de maneira rápida. Assim, você provavelmente sentirá menos pânico em relação ao que dizer quando conhecer alguém pela primeira vez.

Não se preocupe em se mostrar inteligente para não acabar complicando as coisas. O mais importante é dizer um "olá" e estabelecer algum relacionamento, do que tentar passar todo o seu currículo.

Ter em mãos algumas perguntas abertas como as duas que exemplificamos acima irá passar o foco para a outra pessoa. A partir daí, procure relaxar e ouvi-la, enquanto fala. Esta capacidade de ser um bom ouvinte é um traço comum de todos os grandes networkers.

Não se esqueça de que os papéis se inverterão em algum ponto do diálogo. Então, considere de antemão aquilo que quer compartilhar sobre si, a fim de passar uma mensagem interessante para o seu interlocutor. Praticar antes, imaginando possíveis perguntas e respostas o ajudarão a conduzir as conversas com confiança.

5. Chegue cedo

Chegar atrasado a um evento, na correria, quando as pessoas já formaram os seus grupos pode atrapalhar até as pessoas mais habilidosas em fazer networking.

Se você é uma das primeiras pessoas a chegar, já sai na frente ao poder identificar um bom lugar para bater papo, além da paz e tranquilidade de não estar atrasado ou em cima da hora. Ademais, pode acabar conhecendo os organizadores do evento, bem como outras pessoas que chegaram mais cedo como você.

6. Leve um acompanhante

Levar um colega junto pode lhe dar mais confiança, bem como ajudar na hora de quebrar o gelo com algum estranho. Além disso, em par poderão gerar seus próprios círculos de conversa e aumentar a abrangência do networking no evento.

Cuidado apenas para não se prender demais a esta pessoa e acabar não dando espaço para que outros se aproximem de você. Por isso, é importante transitar um pouco pelo evento sozinho e se reaproximar do seu colega quando acabar de conversar com os seus contatos.

7. Atente-se à linguagem corporal

O medo é, muitas vezes, revelado em nossa linguagem corporal. Por isso, é crucial se soltar para enviar os sinais corretos. Você pode estar tremendo por dentro ou desejando estar em outro lugar, mas se você se fizer conscientemente presente e buscar passar a impressão de autoconfiança através de sua linguagem corporal, vai parecer aberto e engajado. Isso também irá encorajar os outros a se aproximarem de você, poupando-lhe o desconforto de abordá-los.

Em geral, experimente parecer relaxado e presente no evento. Evite ficar no celular. Lembre-se também de sorrir. Mantenha uma postura corporal aberta (braços descruzados), faça contato visual com as pessoas que você deseja conhecer e fique perto de qualquer grupo do qual você queira participar. Segure uma xícara de café ou um papel de programa da conferência para manter suas mãos mais tranquilas.

Da mesma maneira, busque por pessoas cuja linguagem corporal também esteja aberta e acessível, ao invés tentar abordar aqueles que estão em círculos fechados, amontoados ou em grupos.

8. Seja realista

A pressão para realizar networking em eventos pode ser muito intensa, por isso, vale lembrar que fazê-lo é uma via de mão dupla, ou seja, a responsabilidade de preencher lacunas em uma conversa não é só sua. Por isso, cuidado com a ansiedade que pode acabar lhe atrapalhando, fazendo até mesmo que você fale coisas que não deveria.

Além disso, às vezes, é interessante dizer como se sente intimidado com este tipo de contato. Isso pode fazer com que o outro se coloque no seu lugar e o ajude a desenvolver a conexão. Vale lembrar também que muitos ali se sentem tão desconfortáveis como você. Essa identificação pode ser muito benéfica para as duas partes.

Por fim, nem todo evento precisa ser perfeito. Em alguns você se sairá melhor e fará conexões mais interessantes e em outros, nem tanto. Aceitar isso o ajudará a ser capaz de ver os menos bem-sucedidos como oportunidades para aprender e a se desenvolver neste quesito.

9. Faça intervalos

Eventos de networking podem ser físico, mental e emocionalmente cansativos. Quando sentir seu nível de energia cair é importante parar um tempo para respirar.

Vá a algum lugar que lhe seja conveniente. Pode ser o banheiro, um salão lateral, um jardim, sair para uma caminhada curta, voltar ao seu quarto do hotel ou tomar um café em outro local. Uma pequena pausa pode lhe ajudar a se recarregar, refletir e voltar muito mais disposto a dar continuidade ao seu objetivo.

10. Saiba a hora de parar

Algumas pessoas ficam tão ansiosas para causarem uma boa impressão que acabam arrastando as conversas por muito tempo. Outros se sentem tão nervosos que falam sem parar e acabam mal ouvindo o outro.

Uma habilidade fundamental para qualquer networker é saber a hora de parar. Confie no seu instinto, fique de olho na linguagem corporal da outra pessoa, a fim de captar os sinais de que já deu, como, por exemplo, os braços que foram cruzados ou o olhar que começar a passear pelas mais diferentes partes da sala.

E por fim, quando o diálogo entre vocês chegar naturalmente ao final, sorria, troque cartões de visita, se for o caso, e se possível, defina um novo contato futuro para dar continuidade ao relacionamento recém-estabelecido.

Para se tornar um bom networker é importante sair da sua zona de conforto e colocar as dicas acima em prática. Agora é com você.

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*Ana Barros é coach, advogada e sócia da Thelema Coaching para Advogados.






*Maria Olívia Machado é coach, advogada e sócia da Thelema Coaching para Advogados.




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