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Senhoras e Senhoras, a candidata: a televisão

Coincidência que João Doria Jr, e Donald Trump tenham sido eleitos sem qualquer experiência política? Não quando lembramos do quarto poder, a TV.

18/11/2016

O site humorístico Sensacionalista publicou ontem que "textões sobre as eleições americanas não influenciavam no resultado na América". Não vejo que este seja o momento para análises complexas sobre o cenário atual e sim para atentar-se a um denominador comum em 2016: a televisão.

Enquanto os estudiosos de comunicação comparada se debruçam em estudos sobre o streaming e a internet afetando a forma de se comunicar e a derrocada da mídia tradicional, há um recado global de que a televisão continua tendo seu grande poder.

Coincidência que João Doria Jr e Donald Trump tenham sido eleitos sem qualquer experiência política? Não quando lembramos do quarto poder, a TV. Ambos “saíram” das telinhas para as urnas sem qualquer conhecimento além de oratória e convencimento.

Não é a primeira e não será a última que o mundo testemunha a mudança de status de celebridades. O próprio Ronald Reagan era ator. Arnold Schwarzenegger também. O espanto é que com múltiplos canais, a TV continue sendo a imperadora e porta de entrada para o poder público.

Em 2014 conheci o advogado pernambucano Carlos Neves Filho no Congresso Internacional de Direito Eleitoral promovido pelo Instituto Paulista de Direito Eleitoral (IPADE). Recomendo a leitura de seu livro, "Propaganda Eleitoral" (Editora Fórum) neste momento. À época discutíamos o silêncio eleitoral na Europa a necessidade de um debate contínuo sobre o pleito.

"Você verá: quem terá mais chances de êxito nas urnas serão as celebridades", me contou. O pernambucano não tem nada de Herculano Quintanilha, o "profético" protagonista de Janete Clair em "O Astro". Ele só é lúcido. Tão lúcido a ponto de cantar uma bola anos antes e citando Napoleão: "a força fundamenta-se na opinião".

No Brasil e nos EEUU, a força democrática se baseou em opiniões transmitidas por televisores. Alguns colegas da Ciência Política podem apontar o desgaste da classe, pois tanto Dória quanto Trump se apresentaram como empresários ao invés de políticos.

"A disputa pelo poder em um sistema democrático-representativo, não se faz mais pela força física, nem pela tentativa de unificação das vontades, mas por mecanismos de comunicação direta povo-poder o que impõe a tentativa de convencer a população que cada um dos partidos, e seus políticos, possui as melhores soluções, entre as várias apresentadas, para administrar a coisa pública ou já a administravam da melhor forma" constatou Neves em seu livro.

Precisões políticas neste momento são desnecessárias. Quer conhecer seus futuros representantes? Ligue a TV.
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*Ivy Farias, 35 anos, é jornalista, estudante de Direito da UM-Campus Villa-Lobos/Lapa e uma das co-fundadoras do Movimento Mais Mulheres no Direito e escreve enquanto assiste TV.

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