Migalhas de Peso

+ um herói morto

Traçando um paralelo entre os recentes acontecimentos envolvendo o ex-presidente Lula e a ascensão e o declínio de Napoleão Bonaparte, o advogado afirma que em ambos os casos "foram os seus familiares, que o levaram à ruína."

9/3/2016

Emil Ludwig (se diz Ludwig, e não Ludwich, como querem alguns) relata que Ludwig van Beethoven e Goethe caminhavam por uma rua quando, em sentido contrário, vinha a família imperial austríaca. Goethe deu um passo para o lado e fez uma bela reverência com o seu chapéu. Já Beethoven enfiou o chapéu na cabeça e atravessou a família imperial sem cumprimentar ninguém.

Esse era o espírito de Beethoven, o qual, numa certa ocasião, terminou uma sinfonia e a dedicou a um herói para homenagear Napoleão Bonaparte. Eis que Napoleão se autonomeia Imperador e coloca ele mesmo a coroa em sua cabeça à vista do Papa. Beethoven, ao saber do fato, acrescentou à dedicatória de sua sinfonia o adjetivo morto, pois para ele o herói tinha morrido...

Todos sabem que Napoleão nasceu num lugar pobre na Ilha de Córsega. Em seguida, foi se tornando popular e dirigiu as massas contra a realeza europeia. Esse foi o começo de Napoleão Bonaparte. Mas, após tomar o poder com o apoio de seus exércitos, sentiu-se capaz de autocoroar-se e se bandear para a elite. Tentou e realizou acordos familiares com os Habsburgos e tornou-se um nobre... Era infalível que suas esposas, amantes, filhas, noras e quejandos quisessem também um lugar nas elites europeias, como um reinado em Nápoles ou alguns castelos aqui e ali. Emil Ludwig bem informa que a tragédia de Napoleão foram os seus familiares, que o levaram à ruína.

Surge-nos, assim, à memória a cascata na Casa da Dinda que tanto alarde causou à época quando exposta na capa da Revista Veja. Agora, nos deparamos com o Sítio da Dinda em Atibaia e os familiares de Napolulão querem cozinhas, pedalinhos, triplexes e que tais repetindo a tragédia de Bonaparte. Nenhum nem outro tiveram mão forte para dar um "cala a boca" nos seus familiares. Foram fortes para fora e fracos dentro. O mesmo destino se reserva para o herói, agora morto...

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*Newton Silveira é Mestre em Direito Civil, Doutor em Direito Comercial e Professor Senior na pós-graduação da Faculdade de Direito da USP. Sócio do escritório Newton Silveira, Wilson Silveira e Associados - Advogados.

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