Migalhas de Peso

Meritocracia e Cidadania - Uma reflexão sobre o valor do serviço público

Sob a ótica dos concursos públicos, na mira das críticas daqueles que defendem o inchaço do Estado, o autor apresenta duas análises.

1/10/2015

De modo aleatório, sempre imputei parte da nossa falta de êxito político e econômico ao nosso modo quase alienado de participação social, nossa resiliência infinitamente elástica, nosso dar de ombros. Restringimos nossa participação política ao voto e, mais recentemente, a algumas manifestações, que também já apontam alguma queda de participação da sociedade.

Sempre temos algo mais importante a fazer, e por isso, deixamos nossos dirigentes à vontade para fazer o que bem quiserem e até, para transgredir nossas regras sociais impostas. Sinto-me assim à vontade para concluir que somos um grupo de pessoas com baixo grau de evolução cidadã.

Com o mesmo interesse, deixamos de valorizar as questões simples de nosso cotidiano, que poderiam contribuir muito para que forjássemos uma sociedade mais consciente e proativa. Nesse escólio, refiro-me às boas práticas que podemos perceber na rotina da sociedade norte-americana, tais como as honrarias, medalhas de mérito (não as políticas que insistimos em valorizar por aqui, ou que, então, deixamos de valorizar porque percebemos que se tratavam de cortejos), valorização dos melhores alunos e programas de incentivos educacionais. Sim, temos exemplos no Brasil, mas que, eivados de burocracia sem fim, acabam ofuscados.

Sob a ótica dos concursos públicos, na mira das críticas daqueles que defendem o inchaço do Estado, temos duas análises. A primeira delas, relacionada aos concursos onde a oferta de vagas é superior à capacidade de se preenchê-las. Penso que acaso tivéssemos o conceito de honra relacionado ao cargo ocupado, não teríamos isso. Buscando no citado exemplo, os bombeiros norte-americanos são heróis. Por aqui, temos dificuldade ou absoluto apagão de ideia quando falamos dos cargos de Auditores Fiscais ou Analistas Administrativos, funções essenciais ao Estado e à justiça, que poderiam muito bem, se reconhecidos, contribuir para uma melhor arrecadação sem consequente ampliação dos impostos já devidos e com a celeridade da justiça.

Em segundo plano, teríamos candidatos mais motivados a alcançar suas metas acadêmicas para preenchimento de determinados cargos, tendo a motivação econômica colocada em segundo plano.

Tudo isso faz parte de um pacote que atribuo à nossa cidadania e que acaba refletindo em nosso interesse em ser reconhecido enquanto profissionais, pelo mérito alcançado a partir de nosso estudo. Infelizmente somos uma nação que não é afeta ao hábito de estudar, de ler. Mas isso se muda com interesse e vontade política, que, por razões claras, atuam como estamos acostumados a ver. Um ciclo vicioso que compete a nós, cidadãos comuns, mudar. Os caminhos, nós precisamos trilhar.

Bons estudos!!

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*Leonardo Pereira é diretor acadêmico do IOB Concursos.

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