Um líder em um ambiente corporativo é facilmente reconhecido. Ele é o executivo ou o funcionário que se destaca na entrega de resultados.
Minha última experiência fora do ambiente corporativo foi extraordinária e por um único motivo. Foi simples, discreta e quase imperceptível, mas o que vivi foi a proximidade com um líder de verdade.
Imaginem 15 pessoas em uma trilha a caminho de grutas e cachoeiras. Um grupo de pessoas com preparação física distintas, alguns já passaram por esta experiência, uns nunca e outros que já tiveram a oportunidade em realizar feitos semelhantes, mas se sentem inseguros em determinados momentos.
Tudo preparado.
Todos equipados com câmeras fotográficas, lanches e capacetes. Os guias passam as orientações básicas, direcionam, ressaltam os momentos de risco e a importância do trabalho em equipe.
Princípios de uma caminhada, a humildade, o olhar sempre para o chão porque cada passo pode ser uma surpresa e o desafio em planejar o próximo. Dois guias, um acompanhando o primeiro integrante da trilha e o outro sempre acompanhando o último. Mas esta não era a diferença entre eles.
O que estava na frente, seguia com obstinação rumo ao ponto de visitação, sem olhar para trás, corajoso, firme, mas em nenhum momento parou para ver se os seus seguidores o seguiam de fato ou se precisavam de algum tipo de apoio.
O outro, embora acompanhando o último integrante, sempre que notava a dificuldade à frente se antecipava para estender a mão ou orientar o melhor caminho. Sempre com um sorriso no rosto, a mão estendida, uma palavra de incentivo, valorizando os momentos de superação dos menos preparados, orientando os mais experientes em compartilhar seus conhecimentos. Ele sabia onde iria chegar e se quisesse chegaria à frente, mas a preferência era dar suporte para que os outros chegassem. Ele sabia exatamente quantas pessoas estavam à sua frente e quantas ainda estavam por chegar.
Era visível a energia que ele depositada no seu trabalho, uma obrigação realizada com amor.
Todos chegaram bem, uns antes, outros depois, mas com a nítida sensação de que todos chegaram juntos e no lugar determinado. A gratidão de cada um dos integrantes a este condutor era explícita. Todos o chamavam pelo nome, com muita cumplicidade e expressavam o sentimento com um abraço, um sorriso, uma palavra.
“Valeu Bill!”
O nome do outro? Ninguém sabe.
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* Sandra Estefan é sócia da consultoria TOP PRIME.