O local do casamento foi escolhido a dedo: seria realizado ao ar livre, à beira de um lago, com cisnes ao redor e canarinhos da terra cantando suas doces canções. A celebração seria feita por um monge espiritualista, que conhecia mais a alma dos seres humanos do que a própria palma de sua mão.
Estava tudo pronto e faltavam apenas 24 horas.
O telefone tocou. Ana atendeu. Era do hospital. Carlos tinha sofrido um enfarto. Estava muito mal.
Ana correu para o hospital. Havia esperança em seu coração e fé em Deus.
Tudo em vão! Carlos estava morto.
Ana caiu de joelhos e chorou. Um choro gritado, de dor, por terem-lhe retirado uma parte de seu corpo, a metade de sua alma.
Ao invés da festa de casamento, do lago, dos cisnes, da doce canção dos canários da terra, dos filhos de olhos verdes ou azuis, o enterro. Ao invés da valsa dos noivos, as músicas fúnebres. Ao invés da alegria, da felicidade, a tristeza, a infelicidade.
Ao se deitar no dia seguinte, Ana fez um pedido a Deus: "Eu não viverei sem o Carlos. Leve-me também. É ao lado dele que quero estar".
O pedido foi ouvido no céu, mas Ana tinha muito que fazer na terra. Sua existência ainda não poderia ser interrompida. Por isso, ao invés de Ana subir ao céu, como queria, foi deliberado que Carlos voltaria.
Nessa noite, Ana teve um sonho estranho. Sonhou que Carlos havia sido enterrado vivo.
Desesperada, então, convenceu as autoridades de que o túmulo teria de ser reaberto.
E ao reabri-lo, a surpresa foi estarrecedora: Carlos estava realmente vivo.
Para os circunstantes ficou comprovado que Carlos havia sido enterrado vivo e que, graças ao sonho de sua amada, fora salvo.
Nós, no entanto, sabemos que a decisão para a ressurreição de Carlos foi Divina.
Quando tudo estiver acabado, quando tudo estiver perdido e todas as forças esgotadas, quando não houver mais nenhuma alternativa, há, ainda, uma última esperança: Deus. Ele será a salvação. Acredite!
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* Gilberto Ferreira é professor da PUC e juiz de Direito em Curitiba/PR
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