Para tanto, o consórcio produziu uma máquina que transportaria o homem através do sistema desintegração/integração, tudo movimentado pelo pensamento. Em linguagem simples era assim: o cientista entraria na máquina e elevaria o seu pensamento para o local de destino, no caso, o Planeta XBX. O homem seria desintegrado e, viajando na velocidade do pensamento (que é trilhões de vezes maior do que a velocidade da luz)**, chegaria instantaneamente ao destino. Ali o cientista seria novamente integrado e retomaria à sua forma normal. Exploraria o planeta e, atingido os objetivos, retornaria para a Terra utilizando-se do mesmo método que o levou até lá.
Testada e aprovada a máquina, foi escolhido para viajar o cientista tibetano, naturalizado americano, Suyel Tyrsen.
Suyel entrou na máquina. Fechou os olhos, pensou no planeta XBX e, em segundos, encontrava-se em seu interior. Ficou pasmo com o que viu. O planeta era idêntico à Terra. Tinha seres humanos que inclusive falavam as nossas línguas (inglês, francês, português, alemão...), belas cidades, lagos, rios, mares, enfim, tudo igual. Com uma diferença. Havia muito ouro e diamante, como supuseram os cientistas. Só para ter uma ideia: as casas eram feitas de ouro e de diamante. As ruas eram asfaltadas, quero dizer, diamantadas. Era impressionante. Só mesmo quem esteve lá, como Suyel, poderia mensurar.
O cientista visitou todo o planeta e, se considerando satisfeito com que o vira, resolveu retornar. Então fechou os olhos, pensou no planeta Terra e aqui estava ele de volta.
Tão logo retornou foi levado para uma sala ultra-secreta onde deveria relatar o que de fato havia visto em sua viagem. Começou,então, a contar:
- Lá tudo é igual aqui. Apenas eles têm muito ouro e diamante. Mas o ouro e o diamante não são extraídos da natureza e sim de um laboratório através de uma fórmula que eu trouxe escrito e passo às mãos de vocês. Mas o que mais me espantou – e creio ser a maior riqueza deles – foi o seguinte. Lá todos são felizes. Não há pobreza, miséria, violência, tristeza, enfim, nada de ruim. Tudo é bom e todos vivem felizes. Eu quis saber a fórmula pela qual atingiram aquele nível de vida. E como não são egoístas, explicaram: "É simples. Aqui ninguém deseja ser feliz individualmente. Cada um quer não a sua felicidade, mas a felicidade coletiva. Se houver um homem infeliz no planeta, então ninguém será feliz". Foi pensando assim que eliminaram todas as suas desgraças: fome, pobreza, violência, desigualdade social, guerra...
Suyel não pode terminar. O Chefe do Consórcio fez um sinal e entraram soldados fortemente armados que o levaram não se sabe para onde.
Em seguida, os líderes se reuniram para discutir quando começariam a produzir o ouro e o diamante a partir da fórmula de XBX e como seria feita a divisão do produto. Não houve concordância e o pau quebrou. Resultado: Não só destruíram a incrível máquina do transporte como também o papel que continha a fórmula de fabricação dos metais preciosos. Ninguém, todavia, falou da fórmula da felicidade.
Todavia, como ela não se perdeu, proponho que passemos a aplicá-la. Daqui por diante não vale dizer "eu quero ser feliz", "eu tenho o direito de ser feliz". Teremos de mudar o foco para: "nós teremos de ser felizes" "enquanto houver um homem infeliz na Terra nenhum outro poderá se considerar feliz". Se nós passarmos a pensar assim, se os grandes líderes da Terra passarem a pensar assim, em breve a fome desaparecerá da África e de todos os cantos do planeta; as favelas sumirão das periferias das cidades; não haverá diferença entre as classes sociais; a violência deixara de existir e o oriente médio e os demais povos não mais guerrearão.
E então, como em XBX, todos nós seremos felizes, muito felizes.
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**A luz leva 1 segundo e 3 décimos de segundo para sair da lua e chegar à Terra. 8 minutos e 19 segundos para sair do sol e chegar aqui. Para sair daqui e chegar à Galáxia Andrômeda leva 2 milhões e trezentos mil anos e para atravessar o Universo, de ponta a ponta, talvez uns 15 bilhões de anos. A velocidade da luz é de 299.792,458 km, praticamente trezentos mil quilômetros por segundo.
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* Gilberto Ferreira é professor da PUC e juiz de Direito em Curitiba/PR
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